À Conferência Episcopal Italiana (CEI) chegaram, em 2020 e 2021, 89 casos de abuso sexual por parte de membros da Igreja Católica. O relatório, citado pela agência SIR, foi apresentado esta quinta-feira, em Roma.
Algumas das situações reportadas referem-se ao passado.
Segundo o primeiro relatório nacional da CEI, sobre a proteção dos menores nas dioceses italianas, entre as 89 vítimas contam-se 61 na faixa etária dos 10-18 anos, 16 maiores de 18 anos (adulto vulnerável) e 12 menores de idade.
Quanto à tipologia dos casos notificados, predomina a “conduta e linguagem inadequadas” (24), seguido de “toque” (21); “assédio sexual” (13); “relações sexuais” (9); “exibição de pornografia” (4); “solicitação online” (3); e “atos de exibicionismo” (2).
As denúncias referem-se a casos recentes e/ou atuais (52,8%) e passados (47,2%). Já quanto ao perfil dos 68 supostos infratores destacam-se indivíduos com idade entre 40 e 60 anos na época dos factos, em mais da metade dos casos.
Já quanto ao papel eclesial ocupado no momento dos acontecimentos, 30 referem-se a clérigos, 23 a leigos e 15 a religiosos.
Os alegados crimes aconteceram na sua grande maioria em locais físicos (94,4%), principalmente em paróquias, na sede de um movimento ou associação, ou numa casa de formação ou seminário.
De acordo com a CEI, após a transmissão dos processos à Autoridade Eclesiástica, pelos centros de aconselhamento, as ações mais prevalentes foram “medidas disciplinares”, seguidas de “investigação prévia” e “transmissão ao Dicastério para a Doutrina da Fé”.
Aos suspeitos dos abusos sexuais foram proporcionados cursos de reparação, empoderamento e conversão, incluindo a colocação em “comunidades especializadas de acolhimento” (um terço dos casos detetados) e cursos de “acompanhamento psicoterapêutico” (cerca de um quarto dos casos).
Em Portugal, a Conferência Episcopal criou uma Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja que já validou 424 testemunhos, que apontam a um “número significativo” de abusadores entre 1950 e 2022. O relatório final será apresentado a 31 de janeiro de 2023, mas os bispos anunciaram que vão fazer um pedido formal de perdão às vítimas.