A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) esclarece, esta quinta-feira, que não teve qualquer “intuito de obstaculizar ou prejudicar as negociações que estão a decorrer” com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Mercadorias Perigosas (SNMMP)” quando enviou o comunicado na quarta-feira.
“A ANTRAM sentiu-se no dever de comunicar aos seus associados pontos relevantes da proposta apresentada pelo SNMMP para evitar um escalar de dúvidas e consequente agitação nas empresas”, acrescenta na nota enviada às redações nesta quinta-feira.
Este esclarecimento surge depois de os motoristas de matérias perigosas terem agendado para dia 23 uma nova greve – o que representou um volte-face no processo negocial em curso, em que tinha sido anunciada uma paz social de 30 dias.
A reviravolta aconteceu depois de um comunicado da ANTRAM, no qual a associação informava que o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas tinha baixado a reivindicação salarial de 1.200 para 700 euros, mais subsídios.
Ao início da noite, o vice-presidente do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, desmentia a informação (é "totalmente falso") e acusava “os patrões” de "má-fé".
Esta quinta-feira, a ANTRAM emitiu nova nota considerando que as negociações com o sindicato decorrem “num clima de boa-fé negocial” e garantindo estar “totalmente empenhada, como sempre esteve, em construir uma solução negocial de consenso com o SNMMP”.
A associação diz ainda querer “dar continuidade ao bom clima negocial e aos resultados obtidos na reunião de ontem, que decorreu no Ministério das Infraestruturas e Habitação”.
Motoristas de mercadorias solidários
Os motoristas de matérias perigosas já podem contar também com a solidariedade do sindicato dos motoristas de mercadorias.
Anacleto Rodrigues diz que caso a Antram não mude a sua posição, os motoristas de mercadorias vão paralisar também no dia 23, juntamente com os de matérias perigosas, e podem mesmo avançar para outra greve, posterior.
“Iremos juntar-nos à greve dos nossos colegas de matérias perigosas a partir do dia 23 de maio, e como anunciámos, no dia 13, se a Antram não mudar de posição, iremos entregar o pré-aviso de greve para as 00h do dia 27”, explica Anacleto Rodrigues.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, a dias da Páscoa, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem fez com que representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo no dia 18, definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação desconvocada de imediato.
O caderno reivindicativo dos motoristas incluía, além de uma remuneração base de 1.200 euros, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.
Esta quinta-feira, o Governo já veio dizer que vai manter os esforços para que os motoristas e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias se entendam e a greve de dia 23 seja desconvocada.
[Notícia atualizada às 15h24]