É o segundo concelho do país com maior número de refugiados ucranianos. Em Cascais, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) regista 2.300 pessoas. Há duas semanas chegou a Cascais mais um grupo de 150 refugiados ucranianos provenientes de Varsóvia, na Polónia. Vieram num voo humanitário operado por uma companhia aérea ucraniana que desta forma pode continuar a trabalhar durante a guerra. Nesta altura estão a caminho mais 50 “convidados ucranianos”, como o presidente da Câmara, Carlos Carreiras, chama a todas estas pessoas que fogem da guerra na Ucrânia.
Desde cedo que a autarquia se mobilizou para ajudar. Criou dois centros de acolhimento, um de emergência com capacidade para 230 camas, onde os refugiados ficam apenas poucos dias e têm acesso a consultas médicas e de psicologia. Depois passam para outro centro, há seis espalhados pelo concelho, até se encontrar uma solução definitiva.
Foi tudo muito rápido e todo este processo era novo para a autarquia. Carlos Carreiras diz que desde cedo que conta com a ajuda de ucranianos que já viviam no concelho, mas acredita que foi uma sorte não ter acontecido o mesmo que em Setúbal.
“Qualquer presidente de câmara podia estar numa circunstância de lhe acontecer algo parecido com aquilo que terá acontecido em Setúbal”, afirma Carlos Carreiras em entrevista à Renascença.
No entanto, o autarca conta que desde o início teve a preocupação de avisar que: “não podemos criar um estigma contra os russos, alguns vivem no concelho há muitos anos, e muitos também fugiram do regime de Putin”.
O que é certo é que com a invasão russa à Ucrânia era preciso ter outros cuidados e, por isso, Carlos Carreiras recomendou a criação de uma associação só de ucranianos, com quem a autarquia está a trabalhar.
“Há uma associação que está a trabalhar connosco que é oriunda de uma outra associação de imigrantes de leste que juntava russos e ucranianos. Desde logo que me apercebi que com a guerra esta não era uma boa ideia”, conta sublinha o autarca de Cascais.
Recomendou então que fosse criada uma associação só de ucranianos que fosse registada no Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e terem a validação por parte da embaixada ucraniana em Lisboa. E assim aconteceu. “Era preciso criar filtros para diminuir o risco de uma situação que nós desconhecíamos”, remata o presidente da Câmara de Cascais.
Mas Carlos Carreiras não ficou por aqui. Com uma situação nova que era preciso resolver e perante os relatos de redes de tráfico de seres humanos, a Câmara de Cascais contactou ainda “autoridades de segurança pública e o Ministério Público para que os ucranianos se sentissem acompanhados e até agora está a funcionar bem”.
Dos 2.300 refugiados ucranianos que estão registados em Cascais, 1.600 já tiveram algum contacto com a câmara para qualquer tipo de ajuda, alimentar, médica, para colocar as crianças nas escolas ou para encontrar um emprego.
A autarquia aprovou um fundo de um milhão de euros para ajuda de emergência, mas o Carlos Carreiras diz que só gastaram ainda metade porque a população e as empresas do concelho têm sido uma parte muito importante neste auxílio aos refugiados ucranianos que fogem da guerra.
Carlos Carreiras conta à Renascença que, logo no início, um casal de alemães ofereceu mais de 30 eletrodomésticos para os centros de acolhimento e muitas empresas do concelho já aceitaram trabalhadores ucranianos.
Há ainda uma conta que tem nesta altura 100 mil euros, de donativos que não param de chegar.