Partidários de Alexei Navalny acusaram este sábado as autoridades russas de procurarem "apagar o rasto" dos "assassinos" ao recusarem entregar o corpo do opositor russo à família, numa altura em que decorrem várias manifestações em sua homenagem.
Apesar da dura repressão e dos avisos, centenas de russos participaram este sábado em pequenas concentrações em várias cidades para prestar homenagem a este conhecido crítico do Kremlin de Vladimir Putin, que morreu na sexta-feira aos 47 anos numa prisão do Ártico russo.
Desde sexta-feira, a polícia já efetuou 231 detenções nestas manifestações, segundo a organização não governamental (ONG) OVD-Info.
As autoridades estão em alerta máximo, a um mês das eleições presidenciais, nas quais Putin deverá ser reeleito sem oposição.
A equipa de Alexei Navalny afirmou que as autoridades se recusam a devolver o corpo à mãe, argumentando que a causa da morte não tinha sido estabelecida.
"É óbvio que os assassinos querem apagar o rasto. É por isso que não entregam o corpo de Alexei e até o escondem da mãe", escreveu o grupo de Navalny na rede social Telegram.
Um advogado do opositor, que foi falar com os investigadores, foi informado de "que tinha sido efetuado um novo exame histológico" e que os resultados "deveriam ser conhecidos na próxima semana", escreveu a porta-voz dos representantes de Navalny, Kira Iarmich, na rede social X (antigo 'Twitter').
"Os resultados deverão ser conhecidos na próxima semana. É óbvio que estão a mentir e a fazer tudo o que é possível para evitar entregar o corpo", acrescentou.
A porta-voz disse, num vídeo 'online', que a mãe do líder da oposição, Lyudmila Navalnaya, tinha hoje visitado a colónia penal IK-3 na região ártica de Yamal com um advogado e que lhe tinha sido entregue um "documento oficial" confirmando a morte.
"Alexei Navalny foi assassinado", afirmou Iarmich, que, tal como muitos dos opositores de Putin, se exilou para escapar à prisão.
"A sua morte ocorreu no dia 16 de fevereiro, às 14:17 locais (09:17 GMT), de acordo com o documento oficial", acrescentou.
As autoridades penitenciárias russas anunciaram na sexta-feira, através de um comunicado conciso, que o famoso ativista, preso há três anos, tinha morrido na colónia penal onde cumpria uma pena de 19 anos sob um "regime especial".
O ativista de 47 anos, cuja saúde se encontrava debilitada devido a envenenamento e às condições de prisão, "sentiu-se mal depois de um passeio" e "perdeu a consciência", explicaram, assegurando que tinham sido feitos todos os esforços para o reanimar e que a causa da morte estava "em fase de apuramento".
Desde então, não foram divulgados quaisquer pormenores e Vladimir Putin não disse uma palavra sobre a morte desta importante figura política.
A morte ocorre um mês antes das eleições presidenciais russas, de 15 e 17 de março, altura em que o líder do Kremlin deverá ser reeleito sem qualquer oposição.
Os opositores russos têm sido dizimados e reprimidos, especialmente desde o início do ataque russo à Ucrânia, há dois anos.
Os países ocidentais foram unânimes em denunciar a "responsabilidade" do regime russo e o Presidente dos EUA, Joe Biden, mostrou-se "indignado", acusando o seu homólogo russo de ser o "responsável".
O Kremlin descreveu estas acusações como "absolutamente inaceitáveis".