As empresas que atuam no mercado dos casamentos reclamam medidas urgentes ao Governo que regulem a sua atividade para poderem voltar a trabalhar e dizem “desesperar por uma decisão como a que já existiu para a reabertura dos restaurantes”, num “setor devastado”, com milhares de postos de trabalho em risco onde operam cerca de 7 mil empresas.
Duas dessas empresas do chamado setor "wedding" realizaram um estudo junto dos operadores para demonstrar o valor real que esta indústria representa a nível nacional e que movimenta mais de 4 mil milhões de euros por ano, adiantou à Renascença Jorge Ferreira, da BestEvents, empresa responsável pela organização de feiras nacionais e internacionais dedicadas ao casamento.
O valor foi obtido depois de um inquérito que envolveu 257 empresas dos diversos setores que atuam neste mercado, desde “ourivesarias, espaços, 'catering', 'cake designers', 'wedding planners', fotografia e videografia, decoração, convites e lembranças, vestuário para os noivos e acessórios, cabelo e 'make-up', animação, aluguer de viaturas e lua-de-mel” e decorreu entre os dias 30 de abril e 6 de maio.
Contas feitas, e “juntando o número médio de convidados (147) e os valores médios gastos em todos os serviços contratados, atinge-se facilmente ao valor de 89.834€ por boda. Ou seja, um só casamento chega a movimentar 125.123€”.
Indústria movimenta 4 mil milhões de euros
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2019 realizaram-se 32.595 matrimónios em Portugal. Destes, 10.037 são religiosos, 22.404 são uniões apenas com cerimónia civil e 154 de outro tipo. “Estes dados comprovam que a indústria 'wedding' movimenta mais de 4 mil milhões de euros por ano. Quase 2% do PIB”, sublinha o responsável da BestEvents.
O setor sente-se esquecido: “É fundamental que nos revelem o protocolo sanitário e nos transmitam em que condições podemos voltar a trabalhar, da mesma forma que comunicaram as orientações para as outras celebrações e para a área da hotelaria e restauração. Não há, por parte do Governo, nenhuma referência ao setor dos casamentos”, lamenta Jorge Ferreira.
A título comparativo, refere o responsável, “os festivais de música em 2017 tiveram um impacto na economia de 100 milhões de euros, segundo uma informação divulgada pelo Ministério do Ambiente. É só fazer as contas e perceber a diferença”.
Mas a indústria do casamento não fica por aqui. “Há cada vez mais uma relação com o turismo. Em Portugal estamos a receber cada vez mais casamentos, principalmente em regiões como o Douro, Sintra ou o Algarve, embora não tenhamos ainda números, neste caso. Mas esse fenómeno implica movimentação de pessoas e estadias em hotéis”.
Se houver medidas imediatas e as empresas puderem começar a atuar, Jorge Ferreira manifesta a convicção de que o ano não estará perdido e a maior parte das empresas vai conseguir ultrapassar a crise porque muitos dos casamentos adiados desde março foram remarcados para agosto.