Há um surto de hepatite A em Portugal, avançou esta terça-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Foram identificados 23 casos desde o início do ano, indica a DGS, em comunicado. A maioria são homens com idades entre os 20 e os 49 anos, cerca de metade em contexto de transmissão sexual.
Não há casos graves ou mortais, mas há um aumento de casos em comparação com os anos anteriores.
Em Espanha foram detetados lotes de morangos, provenientes de Marrocos, contaminados com vírus da hepatite A.
A DGS diz, numa nota no site oficial, que não parece haver associação entre os casos identificados em Portugal e o eventual consumo de alimentos específicos, nomeadamente morangos.
A DGS recomenda também a notificação dos casos suspeitos no SINAVEmed -, indicando o endereço de e-mail e contacto telefónico direto do médico notificador e do doente -, bem como a realização de um inquérito epidemiológico e a notificação de imediato pelos laboratórios de casos confirmados.
Os contactos de casos confirmados (coabitantes e contactos sexuais) devem ser vacinados até duas semanas após a última exposição, indica a Direção-Geral da Saúde.
Como é que as pessoas se podem proteger?
Em declarações à Renascença, Isabel Aldir, diretora do programa Nacional da DGS para hepatites virais, explica que a Hepatite A tornou-se mais frequente, por perda de imunidade da população.
Explica que a Hepatite A “é uma doença de transmissão fecal/oral, ou seja, a pessoa é contagiada habitualmente através da ingestão de alimentos ou outros produtos onde possa existir o vírus”, e também de transmissão sexual.
Neste surto agora registado em Portugal, os doentes são, sobretudo, homens e em cerca de metade dos casos o contágio é feito por transmissão sexual.
“Ainda cedo para conclusões e devemos evitar associar a doença a determinados grupos, porque isso pode fazer fracassar a comunicação para a população e as estratégias para combatermos eventuais surtos de maiores dimensões”, sublinha Isabel Aldir.
Sobre o alerta europeu por causa de morangos contaminados com Hepatite A em Espanha, a especialista reforça que não há conhecimento de casos em Portugal provocados por alimentos.
“Não. Que eu tenha conhecimento não há, mas reforço que estamos numa fase inicial. É preciso termos alguma cautela e recolhermos mais informação. Os colegas de saúde pública estarão certamente a fazê-lo para que nós consigamos identificar traços comuns nos diferentes casos para depois atuarmos em conformidade.”
E como é que as pessoas se podem proteger? Isabel Aldir refere que a vacina não é obrigatória, mas há indicação para grupos de maior risco.
“O que nós devemos fazer é adotar medidas que são universais e que devemos ter sempre presentes, nomeadamente, a higiene das mãos, antes de comermos e uma correta higiene dos alimentos, nomeadamente, dos alimentos crus como saladas e fruta que seja não descascada”, explica.
“Por outro lado, se se confirmar que a transmissão acontece por via sexual, temos de adotar medidas para tornar a prática sexual segura, nomeadamente, através da utilização dos chamados métodos de barreira, ou seja, preservativos externos ou internos”, sublinha.
[Notícia atualizada às 22h32]