Professores em greve protestaram em frente à Escola Gil Vicente
09-01-2023 - 14:54
 • Lusa

"Juntos pela educação", "Respeito" e "Dignidade" eram algumas das palavras de ordem escritas nos cartazes que os 16 professores seguravam em frente ao estabelecimento de ensino.

Professores da secundária Gil Vicente, em Lisboa, estiveram concentrados em protesto em frente à escola, encerrada devido à greve, para exigir respeito e dignidade para a profissão e pedir que o ministro oiça os docentes.

"Juntos pela educação", "Respeito" e "Dignidade" eram algumas das palavras de ordem escritas nos cartazes que os 16 professores seguravam em frente à Escola Secundária Gil Vicente.

A ideia era seguirem, num cordão humano, até ao Largo da Graça, mas os docentes acabaram por ficar concentrados em frente à escola, que já tinha encerrado na sexta-feira devido à greve e voltou a fechar durante o dia de hoje.

"É por isso que nós lutamos, pela dignidade e pelo respeito pela educação, que é a estrutura básica de uma sociedade que se diz civilizada. Se um país não investe na educação, fica de rastos", disse à Lusa Graciela Nunes.

Professora de Português e Francês há mais de 30 anos, Graciela Nunes queixou-se sobretudo do excesso de trabalho burocrático, que impede os docentes de se dedicarem, plenamente, às aulas e ao trabalho junto dos alunos, mas não só.

"A educação precisa de um outro investimento, também nos salários. É uma pobreza franciscana e não podemos ter um discurso miserabilista", sublinhou, argumentando que os professores são remunerados abaixo das suas habilitações, um dos vários motivos para a pouca atratividade da profissão.

Outro dos motivos, acrescentou, é a falta de apoios aos professores deslocados.

Cristina Marcelino, professora de Português e Inglês há três décadas, refere também a recuperação total do tempo de serviço em que as carreiras estiveram congeladas, uma reivindicação antiga dos profissionais, bem como as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira docente, fator que tem prejudicado a sua progressão.

"O que o senhor ministro diz não nos adianta nada, não nos dá uma resposta que queiramos ouvir. Se calhar, é a resposta que ele quer ouvir, mas não está a falar connosco, e é isso que nós precisamos, que ele nos oiça", sublinhou a professora.

Os professores estão em greve desde 09 de dezembro. A paralisação, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que já entregou pré-avisos de greve para todo o mês de janeiro.

Entretanto, o Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) convocou para a primeira semana de aulas do 2.º período uma greve parcial ao primeiro tempo letivo, que decidiu prolongar até fevereiro, sendo que entre 16 de janeiro e 08 de fevereiro realiza-se uma greve por distritos, convocada por oito estruturas sindicais, incluindo o SIPE e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

Além de um conjunto de problemas antigos relacionados com a carreira docente e condições gerais de trabalho, os professores contestam também algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito do processo negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e colocação, que ainda decorre.