O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) acusou, este domingo, a Rússia de ter uma “retórica perigosa” e uma “conduta irresponsável” por ter colocado a força dissuasora nuclear do seu exército em alerta máximo.
“Esta é uma retórica perigosa. É uma conduta irresponsável”, disse Jens Stoltenberg à televisão norte-americana CNN.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou, este domingo, que fossem colocadas em alerta máximo as forças de dissuasão russas, que podem incluir a componente nuclear, devido a "declarações agressivas" do Ocidente.
“Ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe de estado-maior que ponham a força dissuasora do exército russo em alerta especial de combate”, disse Putin numa reunião televisiva com os seus chefes militares, citada pela agência AFP.
De acordo com o secretário-geral da NATO, a nova declaração de Putin vem juntar-se à retórica “muito agressiva” evidenciada por Moscovo “durante vários meses e, particularmente, nas últimas duas semanas”.
“Não estão apenas a ameaçar a Ucrânia, mas também os aliados da NATO e exigem que retiremos todas as nossas forças armadas do flanco oriental da Aliança”, acrescentou Stoltenberg.
Também os Estados Unidos criticaram a ordem de Putin e acusaram o líder russo de estar a “fabricar ameças que não existem”.
“Em momento algum a Rússia foi ameaçada pela NATO ou pela Ucrânia. (…) Resistiremos a isto. Temos a capacidade de nos defender”, disse a porta-voz da Casa Branca (Presdiência), Jen Psaki.
Numa outra entrevista transmitida hoje pela BBC, Stoltenberg apelou também aos Estados membros da NATO para se unirem face à “retórica ameaçadora” de Moscovo.
“A nossa mensagem é muito clara: os países da NATO defendem-se e protegem-se uns aos outros. A NATO não quer guerra com a Rússia, não estamos à procura de confrontação”, disse o antigo primeiro-ministro da Noruega.
“Somos uma aliança defensiva, mas que não haja mal-entendidos ou erros de cálculo sobre a nossa capacidade de defender aliados” face a possíveis ofensivas russas, insistiu.
Em resposta às acusações de Moscovo de “declarações agressivas das NATO”, Stoltenberg negou qualquer responsabilidade da Aliança.
“Foi a Rússia que iniciou a guerra, que está a conduzir uma invasão militar em larga escala de uma nação soberana e pacífica, por isso não há dúvida de que a Rússia é responsável. O Presidente Putin é responsável por este conflito”, disse.
“O que estamos a fazer é simplesmente ajudar a Ucrânia, ajudando-os a fazer valer o seu direito à autodefesa”, acrescentou Stoltenberg.
A NATO não pode envolver-se em combates na Ucrânia por o país não integrar a organização, mas vários dos seus Estados-membros, incluindo Portugal, enviaram ou anunciaram o envio de armamento para ajudar as forças ucranianas a combater os russos.
Antes de ter ordenado a invasão da Ucrânia na quinta-feira, Putin exigiu garantias de que esta antiga república soviética nunca será membro da NATO, que o Ocidente recusou.
Em 2008, na cimeira de Bucareste, a NATO prometeu à Ucrânia e à Geórgia que se tornariam membros da Aliança.
A Rússia lançou um ataque militar de grande escala contra a Ucrânia na quinta-feira, mas tem encontrado resistência por parte das forças armadas ucranianas.
Trata-se da segunda invasão russa da Ucrânia, depois de Moscovo ter anexado a Crimeia, em 2014.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
A União Europeia (UE) e vários países decretaram sanções económicas contra interesses da Rússia e individualidades como Putin e o seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov.