Um navio com quase 2.000 pessoas a bordo que foram retiradas do Sudão, devido ao conflito no país africano, chegaram hoje ao porto de Jeddah, na Arábia Saudita, revelou o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita.
De acordo com as autoridades sauditas, esta é a maior operação de retirada de pessoas desde o início do conflito no Sudão, em 15 de abril. Em causa estão 20 cidadãos sauditas e 1.846 pessoas provenientes de cerca de 50 países.
Entre os países com cidadãos que chegaram agora a Jeddah encontram-se, segundo a nota no Twitter do Governo saudita, Estados Unidos, França, Índia, Rússia, Turquia, Alemanha, Reino Unido, África do Sul ou Austrália. Foram também retirados elementos das Nações Unidas.
Desde o início das hostilidades entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (FAR), a Arábia Saudita surgiu como um dos principais atores responsáveis pela retirada de estrangeiros do país africano, principalmente por via marítima para o porto de Jeddah.
As autoridades sauditas estimam que 4.879 pessoas tenham deixado o país utilizando os mecanismos oferecidos por Riade, incluindo 139 cidadãos sauditas e 4.738 indivíduos de 96 países diferentes.
O Sudão entrou hoje no 15.º dia consecutivo de confrontos entre o exército e as paramilitares RSF, um conflito que já fez mais de 500 mortos e mais de 4.000 feridos e obrigou milhares de sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egito ou o Chade.
As duas partes envolvidas no conflito iniciaram na sexta-feira uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos da América e pela Arábia Saudita para facilitar a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.
Nos últimos dias, apesar de terem sido anunciadas tréguas, têm-se verificado combates de baixa intensidade.
Vinte portugueses que pretendiam deixar o Sudão já foram retirados no país, anunciou na quarta-feira, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), divulgou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.
Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.
Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.