O vice presidente da associação Frente Cívica defende que a ministra da Coesão Territorial "não tem condições para continuar no cargo", depois da empresa do marido da governante ter recebido fundos do PRR.
Em causa estão duas empresas detidas, em parte, pelo empresário António Aragão, que receberam várias centenas de milhares de euros em fundos comunitários.
Num dos dois projetos, a Thermavelt, empresa detida a 40% pelo mariodo da ministra, recebeu mais de um terço do apoio comunitário de mais de 303 mil euros.
Em reação ao caso, à Renascença, João Paulo Batalha diz que o caso trata-se de "um claro conflito de interesses".
"Do ponto de vista ético, não cabe na cabeça de ninguém. Do ponto de vista legal, o assunto é dúbio. Do ponto de vista ético, não há dúvida nenhuma. Viola princípios básicos de boa gestão pública", analisa.
"A ministra não tinha condições para permitir que isto acontecesse e, portanto, não tem condições para continuar no cargo, permitindo que isto aconteça", acrescenta.
O especialista em anticorrupção defende que o "mínimo exigível" é que a empresa do marido de Ana Abrunhosa devolva o dinheiro dos fundos comunitários e pede que o primeiro-ministro intervenha para "pôr ordem na casa e impôr mínimos de confiança ética nas instituições".
"O primeiro-ministro não está preocupado com o assunto. Tem desviado para canto questões colocadas sobre a ética e a transparência de outros processos de atribuição de fundos. Portanto, o problema ético não é só da ministra e do marido", aponta.