O Presidente norte-americano, Joe Biden, convocou esta terça-feira o Congresso para "agir" contra a "epidemia" de violência armada nos Estados Unidos, um dia após um atirador ter feito três mortos num campus universitário no Michigan.
Num país assolado diariamente por tiroteios e onde proliferam as armas de fogo, o Presidente anunciou que havia prometido à governadora Democrata do estado de Michigan, Gretchen Whitmer, "mais agentes federais" depois de um atirador ter tirado a vida a três estudantes e ferido outros cinco na noite de segunda-feira antes de cometer suicídio no campus da Universidade Estadual do Michigan (MSU, na sigla em inglês).
Numa emocionada conferência de imprensa em Lansing, capital desse estado fronteiriço com o Canadá, as autoridades confirmaram a morte de três pessoas e ferimentos graves causados por balas em outras cinco, durante um ataque noturno.
Todas essas vítimas eram "estudantes da MSU", disse Chris Rozman, um dos chefes de polícia desta universidade, uma das mais prestigiadas do país com cerca de 50.000 alunos.
O agente esclareceu que o "suspeito de 43 anos", chamado Anthony McRae, foi encontrado morto a tiros no local por volta da meia-noite de segunda-feira, e que não tinha "nenhuma ligação com a universidade, nem com alunos, nem funcionários da faculdade, agora ou no passado".
Durante a conferência de imprensa, a governador Whitmer, muito emocionada, denunciou um "novo local de convivência destruído por balas e derramamento de sangue".
"Sabemos que é apenas um problema americano. Não podemos continuar a viver assim", criticou a líder do Michigan.
Joe Biden enfatizou o mesmo ponto em duas declarações sucessivas na Casa Branca.
"Muitas comunidades americanas foram exterminadas pela violência armada", disse.
"Tomei medidas para combater esta epidemia na América, inclusive através de um número histórico de ordens executivas e da primeira lei de segurança de armas em 30 anos... Mas precisamos de fazer mais", acrescentou o chefe de Estado, pretando ainda homenageagem a 17 jovens e educadores mortos por armas de fogo numa escola de ensino secundário em Parkland, na Florida, em 14 de fevereiro de 2018.
"Todos os norte-americanos deveriam dizer 'basta' e exigir ação do Congresso", disse o líder Democrata de 80 anos.
Apesar dos tímidos avanços, Joe Biden tem pedido, sem sucesso, ao Congresso que restabeleça a proibição nacional de armas semiautomáticas, como existia em 1994 e 2004, mas que tem esbarrado nos Republicanos, que se apresentam como defensores do direito de porte de armas e que conseguiram uma maioria estreita Câmara dos Representantes nas últimas intercalares.
O atirador da MSU abriu fogo na noite de segunda-feira num prédio da universidade, antes de seguir para outro edifício onde também foram ouvidos tiros, segundo a polícia do campus.
"Nunca vou esquecer os gritos dos meus colegas, gritos de dor a pedir ajuda", testemunhou à imprensa local a estudante Claire Papoulias, que se atirou ai chão para escapar às balas do homicida que surgia numa sala de aula.
Chegados rapidamente ao local, centenas de polícias iniciaram uma caça ao homem, ao divulgar imediatamente fotos do suspeito: um homem negro, de baixa estatura, vestindo um casaco de ganga, sapatos vermelhos, boné de beisebol e rosto semicoberto.
"Graças à rápida publicação da foto tirada das câmaras de vigilância e (...) a uma denúncia, a polícia chegou ao suspeito", agradeceu o agente Chris Rozman, embora dizendo que "não tinha ideia do motivo" do ataque.
Os Estados Unidos pagam um preço muito alto pela disseminação de armas de fogo no seu território e pela facilidade com que os cidadãos têm acesso a elas.
O país tem mais armas de fogo o que habitantes, cerca de 400 milhões: um em cada três adultos possui pelo menos uma arma e quase um em cada dois adultos vive numa casa onde existe uma arma.
A consequência dessa proliferação é o altíssimo índice de mortes por armas de fogo nos Estados Unidos: mais de 45.000 em 2020, das quais cerca da metade são suicídios.