O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, cujas opiniões pró-russas o colocaram em desacordo com os restantes aliados europeus, procurou esta quinta-feira aprofundar a cooperação em energia, ligações ferroviárias e transporte de produtos agrícolas com a vizinha Ucrânia, atingida pela guerra.
Após uma reunião conjunta dos governos eslovaco e ucraniano, realizada em Michalovce, na Eslováquia, Fico disse que o seu país quer ser um vizinho “bom e amistoso” da Ucrânia.
Fico liderou uma mudança na política externa da Eslováquia desde que assumiu o poder em outubro passado, suspendendo a ajuda militar estatal a Kiev e abrindo canais de comunicação com Moscovo, numa altura em que a UE procurava isolar a Rússia.
No entanto, Fico tem feito questão de manter laços comerciais com Kiev, que incluem acordos comerciais de armamento.
“A Ucrânia precisa de ajuda e a Ucrânia precisa de solidariedade”, disse Fico em declarações transmitidas lado a lado com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, após a realização do encontro.
"É claro que pode haver diferentes opiniões ou pontos de vista sobre essa ajuda ou solidariedade."
As administrações eslovacas anteriores apoiaram firmemente Kiev após a invasão da Rússia em 2022, fornecendo caças e sistemas de defesa aérea, entre outros equipamentos. Fico reiterou esta quinta-feira que a Eslováquia continuaria a permitir acordos comerciais para fornecimentos militares, apesar de interromper a ajuda militar estatal.
Os dois países concordaram em iniciar um serviço ferroviário de passageiros entre Kiev e a segunda maior cidade da Eslováquia, Kosice.
Eslováquia e Ucrânia vão também modernizar a principal passagem fronteiriça rodoviária e impulsionar as redes transfronteiriças de transporte de eletricidade nos próximos anos.
Fico disse que a Eslováquia continuará a fornecer um corredor para a exportação de produtos agrícolas ucranianos, enquanto Shmyhal concordou com o levantamento das restrições aos produtos ucranianos que a Eslováquia e outros países implementaram para proteger os respetivos mercados nacionais.
“Estamos cientes de que cada um dos nossos estados tem os seus próprios interesses nacionais, as suas próprias prioridades, que por vezes podem não coincidir”, disse Shmyhal. "Ao mesmo tempo, temos uma atitude pragmática e uma boa vontade absoluta".