Francisco Assis considera que, se as propostas dos sindicatos dos professores, entrassem já em vigor “poderiam pôr em causa a viabilidade do Orçamento do Estado”.
Na segunda-feira, o Parlamento decidiu que Governo e professores têm de regressar à mesa das negociações, para chegar a um consenso quanto ao tempo de carreira da classe que deve ser descongelado.
No entender do eurodeputado socialista, “há uma impossibilidade prática” nas reivindicações feitas, em que “as vantagens não superam os efeitos negativos que daí resultariam”, pelo que o Governo não deverá alterar a sua posição, apesar do “diálogo difícil”.
João Taborda da Gama partilha da mesma opinião. “O Governo não quer subir uns pontos de défice para resolver o problema dos professores” e “já percebeu que a luta dos professores não tem o apoio da população, portanto, não se vai preocupar muito com isso”.
Taborda da Gama tem já uma ideia de como serão as negociações: “acena-se com a possibilidade de regras especiais de aposentação, fazendo com que os professores aceitem uma contagem diferente do tempo de serviço”.
O aumento do número de casos de SIDA em Portugal foi o outro tema em análise. Francisco Assis diz que “é motivo de preocupação” e que os novos números obrigam a “uma avaliação rigorosa sobre o que se passou”, sendo que pode não tratar-se de uma tendência, mas apenas de um ano a fugir à regra.
“Até aqui, a estratégia tem funcionado, não apenas em Portugal como nos outros países: houve enormes avanços no combate a essa doença”, remata.
João Taborda da Gama considera que “qualquer história de sucesso tem sempre o perigo do desinvestimento e isso pode estar a passar-se do lado dos comportamentos”.
Há que perceber, por isso, se os novos números são resultado de um “aumento de comportamentos de risco” ou na sequência de “maiores diagnósticos e chegar mais cedo e mais rápido às pessoas infetadas”.
Taborda da Gama lembra “agora temos uma geração que não cresceu sobre o fantasma da SIDA, o que pode, nalguns países, justificar um aumento da contaminação”.
E destaque que Portugal, “em 20 anos, reduziu em três vezes o número de casos. Há 20 anos, eramos o país que tinha mais casos na Europa”.
“Estes números não nos podem fazer esquecer de um ponto de vista mais global: o flagelo da SIDA no terceiro mundo. O flagelo em países como Moçambique ou África do Sul”, destaca por fim.