Há quase duas décadas que o departamento de engenharia informática do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) está a trabalhar no desenvolvimento de robôs bombeiros, totalmente autónomos. Países como Estados Unidos ou Japão já recorrem a robôs bombeiros telecomandados, mas o IPG sonha criar um totalmente autónomo e já há protótipos de laboratório.
“Está a seguir a parede, usa um algoritmo muito simples, para seguir a parede à sua direita e tem um sensor de chama, que é detetada através da luz, dos gases, do calor”, demonstra Carlos Carreto, 50 anos, docente há 28 anos no Departamento de Engenharia Informática do IPG.
Carlos Carreto também foi aluno do IPG e, com doutoramento em Engenharia de Sistemas, desafia os estudantes na disciplina de Robótica a realizarem projetos que os motivem.
“Estes projetos motivam os alunos e é muito difícil motivá-los, ver as coisas a funcionar, relacionado com uma temática do mundo real, motiva-os”, considera Carlos Carreto, que desenvolve com outros docentes e alunos de engenharia informática protótipos de laboratório de robôs bombeiros.
As experiências decorrem numa arena montada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda, com divisões em que o objetivo do robô é encontrar um incêndio, que é simulado por uma vela, colocada num quarto aleatoriamente.
“Então o robô vai ter que navegar e procurar a vela de forma completamente autónoma”, explica o investigador, acrescentando que o robô está programado para “saber aproximar-se da chama, saber apagar a vela, com uma simples ventoinha”, embora não sendo muito realista, “mas são protótipos de laboratório, pequenos comportamentos a cumprirem a sua missão”, justifica.
Sobre o robô bombeiro, Carlos salienta ainda que o dispositibo “tem um conjunto de componentes, uma máquina com uma missão programada, com chassi, um conjunto de sensores e um ‘cérebro’ para processar a informação”.
O robô bombeiro, que começou a ser idealizado em 2003, vai evoluindo e o objetivo é ter um robô bombeiro totalmente autónomo.
“Existem noutros países, como EUA ou Japão robôs usados por corporações de bombeiros, mas teleoperados e isso poderá ser perigoso, os bombeiros entrarem num local desconhecido com risco de explosão ou com gases tóxicos. E então o nosso objetivo é criar um robô que possa ser enviado e equipado com sensores e câmaras que informem a equipa de bombeiros se pode ou não entrar e podem tentar extinguir o incêndio à distância, indo ao encontro de um problema real que enfrentamos todos os anos no país”, conclui.
O robô bombeiro, segundo Carlos Carreto, deu origem ao único concurso nacional de robótica que decorre no Interior do país e que já vai na sua 18ª edição (http://robobombeiro.ipg.pt/). Mas o sonho do investigador é chegar a ter a patente do primeiro robô bombeiro totalmente autónomo.
“Ainda não estamos a esse nível, mas vamos lá chegar”, diz em tom de desafio Carlos Carreto.