Contra a excessiva digitalização no ensino, o movimento “Menos ecrãs, mais vida” entrega esta sexta-feira no Parlamento, uma petição com mais de quatro mil assinaturas. O movimento defende o abandono dos manuais digitais.
Os peticionários alegam que a aprendizagem através dos écrans promove a distração, prejudica a retenção do conhecimento para além do impacto que tem ao nível da saúde, nomeadamente da visão.
Por isso, pedem o fim imediato do projeto piloto, que decorre em 160 escolas e que envolve mais de 20 mil alunos do 3º ao 12º ano.
Catarina Prado e Castro, promotora da petição, avisa que a navegação online sem supervisão dos pais, é um perigo e denuncia que muitas crianças têm acesso a conteúdos pornográficos.
“Nós sabemos que essas crianças estão constantemente a aceder a sites com conteúdos inapropriados para a sua idade. Isto acontece constantemente nas escolas, crianças com 10 anos terem acesso a pornografia. É permanente, é um facto está divulgado, não é só cá, em Portugal, é em muitos países”, denuncia.
A promotora da petição explica que as crianças levam os computadores onde têm os manuais para os recreios e têm “acesso a tudo, porque muitos destes computadores não têm filtros sequer para conteúdos de adultos”.
Mãe de um menino que frequenta o 3º ano do primeiro ciclo, numa das escolas integradas no projeto-piloto dos manuais escolares, Catarina Prado e Castro não esconde a indignação pelo que acontece nos momentos que deveriam ser dedicados ao estudo.
“O meu filho está a fazer um trabalho, mas está, ao mesmo tempo, a ver um vídeo e, ao mesmo tempo, a jogar um jogo. Isto é a dispersão total. Se os adultos não se auto regulam quando estão a usar o computador e muitas vezes têm milhentas tarefas, imagine uma criança sem autorregulação”, argumenta.
Nestas declarações à Renascença, Catarina Prado e Castro revela ainda que a maioria dos pais que foram questionados sobre o projeto, pedem o fim dos manuais escolares.
“A última questão é sobre se estão satisfeitos com o projeto e gostariam que o projeto tivesse continuidade ou se não estão satisfeitos com o projeto e gostariam que esta experiência acabasse. Neste momento, temos 83 por cento de pais que nos dizem que querem que o projeto acabe”, revela.
Catarina Prado e Castro adianta ainda que, além da petição, o movimento “Menos ecrãs, mais vida” também já pediu uma audiência ao Presidente da República.