A Assembleia da República aprovou, nesta sexta-feira, por unanimidade, um voto de pesar pela morte da atriz Eunice Muñoz, lembrando-a como "referência maior do teatro português" que marcou os palcos "com um talento inigualável".
O voto de pesar, apresentado pelo presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, foi aprovado em sessão plenária, tendo alguns familiares assistido nas galerias.
"Faleceu, no passado dia 15 de abril, aos 93 anos, Eunice Muñoz, referência maior do teatro português do século XX e XXI, que marcou, com um talento inigualável, os palcos portugueses", lê-se na iniciativa.
No texto refere-se que a atriz começou cedo a sua "longa e admirável carreira", estreando-se profissionalmente nos palcos "com apenas 13 anos".
"Ao longo de 80 anos de carreira, fez rir e chorar milhões de portugueses, que tiveram o privilégio de a ver atuar. Como foi seu desejo, terminaria, em 2021, a sua carreira no mesmo palco onde se estreou, no Teatro Nacional Dona Maria II", é acrescentado no texto.
A iniciativa destaca a carreira da atriz no teatro, mas também no cinema e na televisão, "onde tocou o coração de muitas gerações de portugueses, nomeadamente através de telenovelas, como "A Banqueira do Povo"".
"Eunice Muñoz tinha um talento imenso, cuja chama se manteria ao longo dos anos, até ao cair do pano, pois, como dizia, amava a vida, e "amar a vida é fundamental"", lê-se.
Com a sua partida, continua o voto, a cultura nacional ficou "mais pobre".
"No entanto, como sucede com as figuras maiores, o seu exemplo e o seu legado permanecerão, cabendo-nos honrar a sua memória, continuando a celebrar o teatro", acrescenta-se na iniciativa.
Assim, a Assembleia da República "expressa o seu profundo pesar pelo falecimento de Eunice Muñoz, prestando homenagem à enorme atriz e figura da cultura nacional, transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências".
Eunice Muñoz morreu a 15 de abril, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos.
O percurso de 80 anos de Eunice Muñoz no teatro soma mais de 120 peças, em perto de três dezenas de companhias, depois da estreia, em 28 de novembro de 1941, aos 13 anos, em "O vendaval", de Virgínia Vitorino, no Teatro Nacional D. Maria II.
No cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de 80 produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Recebeu mais de uma dezena de prémios, seis condecorações oficiais, que culminaram na Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant"Iago da Espada, em 2021. Em 1990, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural.
O Governo decretou luto nacional no dia do funeral da atriz, que decorreu no passado dia 19, na Basílica da Estrela, em Lisboa.