Alertar para as consequências da exploração da mina de lítio a céu aberto, projetada para a freguesia de Morgade, no concelho de Montalegre, é o objetivo da sessão de esclarecimento marcada para a noite desta terça-feira.
A iniciativa é promovida pela Associação Montalegre Com Vida e está marcada para as 21 horas, no Auditório Municipal de Montalegre. Propõe-se esclarecer a população residente e os muitos emigrantes que ali se encontram de férias para os malefícios que podem advir para aquele território, se ali for construída uma mina de lítio.
“O que nos preocupa é ser uma exploração a céu aberto. E preocupa-nos a quantidade de pedidos de prospeção que já estão feitos no nosso concelho, sete até ao momento”, afirma Armando Pinto, representante da associação, acrescentando uma outra preocupação que se prende com o facto de o “Plano Diretor Municipal (PDM), alterado em 2013, identificar 20 potenciais áreas de exploração mineira” no concelho.
A sessão de esclarecimento marcada para esta noite vai contar com representantes de outros movimentos, nomeadamente das serras da Argemela e de d’Arga, uma geóloga, um arqueólogo e representantes de associações ambientalistas. E vai versar sobre os impactos decorrentes deste tipo de exploração, quer em termos ambientais quer para a saúde das populações que vivem no território.
Elisabete Cruz explica que é contra “porque as minas a céu aberto, ou não, causam poluição gravíssima nas águas, nos solos, nas plantas e nos animais que nós comemos. Também causam problemas de saúde e graves doenças”. “A verdade é tão má que até custa a acreditar. E se não impedimos, depois será tarde”, afirma.
Também António Costa se manifesta preocupado e não quer ver no seu concelho uma exploração de lítio, porque “vai contaminar as nascentes de água e dar cabo de toda a vida saudável”. Pelo mesmo diapasão afina Abílio Sousa que logo mais vai marcar presença na reunião e levantar a sua voz “em defesa de uma população desde sempre esquecida e martirizada pelo poder político”.
“Chegou a altura de levantarmos a nossa voz e dizermos a quem nos governa que não podem fazer o que querem contra as populações. Não podem mandar para aqui coisas que vão poluir o ambiente, dar cabo dos terrenos e dos pastos e obrigar os mais velhos a sair da terra”, afirma o emigrante em França.
Na tentativa de alertar a população e travar o projeto, a Associação Montalegre Com Vida tem espalhado várias tarjas pelo concelho onde se pode ler “não à mina, sim à vida” e tem realizado sessões de esclarecimento nas aldeias.
A Lusorecursos, empresa que em março assinou o contrato com o Estado, já esclareceu que a exploração da mina de lítio em Morgade vai ser mista, efetuando-se primeiro a céu aberto e passando, depois, à cota das aldeias, para túnel. Uma informação que não sossegou as populações que continuam a fazer tudo para travar o projeto.