A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) esclareceu esta segunda-feira que o crescimento anómalo de algas à entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão, é recorrente e ocorre entre o final da primavera e o início do outono, após a denúncia da associação ambientalista Quercus para a situação, registada pela primeira vez na sexta-feira.
Em denúncia, a Quercus tinha apontado para uma "situação inaceitável" que se repete "ciclicamente e precisa de resolução política eficaz e urgente", pedindo a intervenção urgente do Ministério do Ambiente e Ação Climática.
"As águas estão extremamente poluídas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão [distrito de Castelo Branco], Arneiro, Nisa, chegando mesmo até Ortiga, já no município de Mação", indica, referindo que "há fundamento para apresentar uma queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha".
A associação explicou que a intensificação da presença das microalgas resulta de vários fatores, sobretudo da concentração elevada de nutrientes, e que é "imperativo" que se criem condições para diminuir a concentração destes: "Se continuarmos sem tratamento de esgotos e com escorrência de adubos agrícolas, nada se resolverá".
Em resposta, a APA refere que o mesmo é normal entre o final da Primavera e o início do Outono.
"Os blooms algais [crescimento rápido e sem controlo em meio aquático de algas] no troço no rio Tejo a jusante de Cedillo, última barragem em Espanha, são recorrentes, ocorrendo todos os anos entre o final da Primavera e o início do Outono, em situações em que se verifiquem concentrações elevadas de nutrientes na água, nomeadamente fósforo, e condições de temperatura e luminosidade elevadas", explicou a APA, em comunicado enviado à agência Lusa.
A agência indica que tem vindo a acompanhar o aparecimento e evolução deste 'bloom algal', nomeadamente através da monitorização da qualidade da água, "que apesar de não colocar em causa os atuais usos da água da albufeira, dado que não incluem a prática balnear nem o abastecimento público, correspondem a uma diminuição da qualidade da água".
"A concentração de oxigénio dissolvido não tem atingido concentrações que coloquem em risco a sobrevivência de espécies aquática, como sejam os peixes", sustenta a APA, que adianta que monitoriza mensalmente a qualidade da água das albufeiras de Cedilho, Fratel e Belver e o rio Tejo a jusante destas.