Duas vozes democratas erguem-se para acusar as políticas da administração de Trump de instigar os crimes de ódio, após o tiroteio em El Paso que vitimou 20 pessoas e feriu outras 26.
Beto O'Rourke, um ex-congressista de El Paso e candidato à presidência dos Estados Unidos, disse que ser apropriado rotular Trump como um “nacionalista branco”, acrescentando que a sua retórica é uma reminiscência da Alemanha nazi.
"Ele não se limita à tolerância disto; encoraja-o, ao chamar violadores e criminosos aos imigrantes mexicanos, alertando para uma invasão na nossa fronteira procura banir todas as pessoas de uma só religião”, disse à CNN. "Trump diz que algumas pessoas são inerentemente defeituosas ou perigosas, isto poderia ouvir-se no Terceiro Reich”.
Natural de El Paso, onde no sábado de manhã (hora local) 20 pessoas foram mortas e outras 26 ficaram feridas num tiroteio, O'Rourke, considera ter havido um aumento "de crimes de ódio" ao longo dos três anos de administração de Trump.
Já Pete Buttigieg, autarca de South Bend, no Estado do Indiana, e também candidato à nomeação presidencial Democrata, disse que “o presidente dos EUA tolera o nacionalismo branco” e que tem “a responsabilidade de cortar o mal pela raiz”. Também em entrevista à CNN, afirmou que aquela ideologia “é tolerada ao mais alto nível no governo dos EUA”.
Ao contrário de outros democratas, Bernie Sanders evitou acusar Trump, mas reforçou que “toda a gente questiona o que está a acontecer” no país para se repetirem “uma e outra vez horrores indescritíveis”.
As autoridades de El Paso ainda não indicaram um motivo por trás do ataque, mas no centro da investigação está um manifesto anti-emigração, alegadamente publicado pelo atirador momentos antes do tiroteio.
O documento com cerca de 2.300 palavras, intitulado “A Verdade Inconveniente”, inclui um aviso sobre a “invasão hispânica do Texas”, segundo o The Washington Post. A ideologia do autor é alegadamente considerada semelhante à de Donald Trump, no entanto, o autor do manifesto conclui com uma nota que diz que a sua opinião data de um período anterior à administração atual dos EUA e que acusar o presidente seria “fake news”.
“Por amor de Deus, alguém culpa mesmo o presidente? As pessoas são doentes”, disse Mulvaney, chefe de gabinete da Casa Branca, à NBC. Referindo-se ao manifesto, acrescentou que “se consegue ver que ele [o atirador] já tem este pensamento há muito tempo, até mesmo antes da eleição de Trump”.
Num tweet publicado este domingo, o presidente dos EUA considerou o ataque um “ato indescritível do mal”, anunciando que as bandeiras norte-americanas da Casa Branca seriam postas em meia-haste esta segunda-feira, em homenagem às vítimas do tiroteio.