Os Estados-membros da União Europeia estão a ultimar o nono pacote de sanções à Rússia, após chegarem a acordo sobre a inclusão na 'lista negra' de 144 pessoas e 48 entidades envolvidas na intensificação da guerra na Ucrânia.
O anúncio foi feito pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, numa conferência de imprensa em Bruxelas, esta segunda-feira, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus, indicando que a lista de sanções individuais foi acordada pelos Vinte e Sete, pelo que espera o acordo final "esta semana" e que a UE aprove em "algumas horas", o "duro pacote" de medidas a impor à Rússia em resposta à escalada do conflito na Ucrânia.
O nono pacote de sanções, que está há semanas a ser debatido pelos Estados-membros da UE, incluirá medidas contra a exportação iraniana de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) para a Rússia e restrições ao setor financeiro.
Todas as fontes europeias consultadas apontaram que poderá ser aprovado antes do Conselho Europeu da próxima quinta-feira.
"Não há 100% de acordo. Alguns Estados-membros não estão de acordo. Estou certo de que chegaremos a acordo, o problema não é um Estado-membro, mas sim que tipo de exceções aplicamos para garantir que não haverá danos colaterais e que, ao mesmo tempo, não esvaziamos as sanções do seu impacto", disse o chefe da diplomacia da UE.
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, precisou depois, numa conferência de imprensa após a reunião com os seus homólogos europeus, que as sanções incidirão sobre 144 pessoas e 48 entidades envolvidas na agressão à Ucrânia.
A reunião decorreu em clima de tensão devido à ameaça da Hungria de obstruir a aprovação de sanções à Rússia, uma atitude de Budapeste que se estende a outras iniciativas, como a ajuda macrofinanceira de 18.000 milhões de euros à Ucrânia para 2023.
O MNE espanhol criticou o facto de a ajuda a Kiev não ter sido já aprovada, dado que o país dela precisa "desesperadamente".
"Não estamos de acordo com a posição daqueles que estão a impedir que seja aprovada", afirmou, insistindo que o apoio a este pacote de ajuda macrofinanceira é "esmagador".
Quanto à situação no Irão, a UE também adotou decisões, como sancionar um alto dignitário religioso e responsáveis da radiotelevisão estatal iraniana, pelo respetivo envolvimento na repressão da contestação social no país após a execução de um segundo condenado por participar nos protestos que abalam o país há quase três meses.
"As autoridades iranianas prosseguem a repressão das manifestações e estão a executar manifestantes. Nós visamos aqueles que estão envolvidos nessa repressão", explicou Borrell na sua conferência de imprensa após a reunião dos MNE do bloco comunitário.
A União Europeia inscreveu um alto dignitário religioso xiita, Sayyid Ahmad Khatami, 15 responsáveis militares e quatro membros da IRIB, a radiotelevisão estatal iraniana, na sua 'lista negra' de pessoas a quem é proibida a entrada no território da UE.