“Portugal é um inferno para um empresário que quer investir”, diz Henrique Raposo, comentador d’ As Três da Manhã, na análise à radiografia aos jovens portugueses, publicada esta segunda-feira pela Renascença.
Henrique Raposo lembra que “as licenças demoram meses ou anos”, não percebendo como é que na era da Internet se demora “meses e anos para fazer um licenciamento - seja de um prédio, seja de uma fábrica” - e depois quando se passa essa etapa vem a “fase das taxas e dos impostos”.
“As empresas de ponta que pagam bons salários não querem ficar em Portugal. Não querem passar por isto, e depois temos aquilo que é o mais dramático de tudo: nós formamos, nós pagamos nas faculdades, formamos boa mão de obra, engenheiros de ponta, médicos de ponta, enfermeiros de ponta, empresários de ponta, empresários de ponta, mas depois têm que emigrar para outros países."
“Nós formamos, gastamos dinheiro a formar pessoas, mas depois não ficam cá”, acrescenta Raposo.
A radiografia à realidade dos jovens portugueses mostra que são cada vez menos, ganham (maioritariamente) abaixo de mil euros e saem cada vez mais tarde de casa. Mais de metade não está feliz com o trabalho que tem e têm problemas com a aparência. Tudo isto numa geração em que desigualdade entre homens e mulheres vai permanecer.
Henrique Raposo considera que “não há reformas no país há 30 anos” e alerta para as consequências.
Quem se reformar, por exemplo, “em 2040 ou 2045 vai ter 40/50% de taxas de substituição. Vão ganhar 50 ou 40% daquilo que deviam ganhar, quando em 2000, as taxas de substituição, as reformas eram calculadas quase a 100% ou 90%”, assinala.
Para o comentador da Renascença trata-se da “maior injustiça geracional que temos no país, mas quando alguém, como eu tentava reformar, era acusado de ser fascista, de neoliberal e, portanto, as reformas morriam à nascença”.
Já quanto à desigualdade entre homens e mulheres, Henrique Raposo entende que esse “não é um problema de Estado e de política, é um problema cultural”.
“As mulheres ganham menos, porque quando a criança fica doente, é ela que fica em casa. Isso é um problema daquilo que é um machismo estrutural que é da cultura, que é da sociedade, que não muda e é difícil mudar com leis, é uma questão cultural”, observa.