Atenas ficou para trás e, encerrado o capítulo AEK, é em Vila Nova de Gaia, perto da praia, que André Simões decide entre dois mundos: permanecer no estrangeiro ou regressar ao futebol português, se aceitar alguma das propostas que já recebeu de clubes da I Liga.
A saída de André Simões do AEK, oficialmente, só tem algumas horas. O fim da ligação entre o Athlitiki Enosis Konstantinoupoleos (AEK) e o médio de 32 anos foi anunciado pelo clube, ao fim de sete temporadas em que realizou 227 jogos oficiais, marcou 11 golos e conquistou uma Superliga grega e uma Taça da Grécia, ambas na época 2017/2018.
Os tempos dourados do clube de Atenas estão na memória dos adeptos, mas chegou a hora de mudar alguma coisa, depois de uma época em que a equipa terminou no 5.º lugar do campeonato, a 27 pontos do campeão Olympiacos, não foi além dos quartos de final da Taça da Grécia (eliminado pelo PAOK) e que, na UEFA, tombou diante do Velez Mostar (Bósnia e Herzegovina) na 2.ª pré-eliminatória da Liga Conferência.
“A época estava a ser fraca no plano coletivo, não estávamos a conseguir os objetivos que tínhamos estimado, o meu contrato chegava ao fim este verão e concluímos que seria bom para os dois lados seguirmos outro rumo”, começa por esclarecer André Simões, numa entrevista a Bola Branca em que dá conta de “do momento fantástico” que viveu durante sete anos em Atenas, considerando, porém, que esta é a altura para voltar a colocar a bússola sobre a mapa, para dar outro Norte à carreira.
“Está na hora de seguir um novo caminho. Cheguei a Portugal, vou descansar um pouco e analisar o que já me está a aparecer, com calma. Tomarei uma decisão pensando em mim, profissionalmente, mas também na felicidade da minha família que é o mais importante”, declara.
Nesta entrevista à Renascença, André Simões reconhece que, a caminhar para o fim da carreira, o dinheiro pode pesar na decisão quanto ao seu futuro profissional, que até pode passar pela I Liga portuguesa. O jogador revela que já tem clubes do primeiro escalão interessados nos seus serviços, admitindo que “é possível regressar a Portugal para jogar na I liga”.
Alternativas existem e estão ao lado da Grécia. “Também estou a analisar algumas propostas do estrangeiro, nomeadamente da Turquia e de Chipre, dois mercados muito próximos da Grécia, em que há uma certa ligação e os jogadores são muito observados”, esclarece André Simões que, interrogado sobre o peso da questão financeira na sua decisão, responde com alguma ironia: “Obviamente. Tenho 32 anos e, a não ser que faça como Pepe, já não me falta muito para encerrar a carreira”.
Grécia, boa para jogar e para viver
Na época 2020/2021, André Simões teve, no AEK, a companhia de três compatriotas: os defesas Paulinho e Hélder Lopes, e o avançado Nelson Oliveira. Acabaria por ser o único a permanecer para aquela que viria a ser a sua última temporada em Atenas. Ao fim de sete anos, André Simões não hesita em aconselhar a Grécia aos jovens futebolistas portugueses.
“Aconselho. No estrangeiro aposta-se muito no mercado português, porque os jogadores são muito competitivos. Em Portugal joga-se bem, a formação está cada vez melhor e os jogadores que aparecem nas equipas seniores têm muita qualidade”.
Mas há outros fatores a ponderar. “É fantástico viver na Grécia”, sublinha o ex-médio do AEK, sublinhando que “os clubes grandes têm muita capacidade, o nível do futebol é um pouco mais baixo e os jogadores portugueses conseguem destacar-se. Aconselho as equipas grandes, nas pequenas há mais dificuldades, mas isso é como em todo o lado”, conclui.
André Simões, jogador formado no FC Porto, estava no AEK desde 2015/16, após passagens por Padroense, Santa Clara e Moreirense.