O líder do PCP cedeu este domingo o protagonismo na campanha eleitoral aos cidadãos deficientes ou com dificuldades de mobilidade e aos seus problemas de acessibilidades e barreiras arquitetónicas no sistema de transportes públicos, em Lisboa.
"É uma batalha difícil, nem sempre entendida, ou mal entendida, como se estivéssemos a lidar com coitadinhos. Estas pessoas com deficiência, em nome da sua própria dignidade, apenas reclamam direitos universais. Não temos tido o acolhimento das nossas propostas em sede de Assembleia da República", disse Jerónimo de Sousa, após uma viagem de comboio entre a Amadora e Sete Rios, acompanhado por pessoas em cadeira-de-rodas.
O secretário-geral comunista garantiu que a Coligação Democrática Unitária (CDU), que reúne PCP e o Partido Ecologista "Os Verdes", vai continuar a tentar resolver estes problemas, "depois das eleições de 6 de outubro, na próxima Assembleia da República".
Na breve sessão pública integrada na ação de campanha, após a viagem, estiveram presentes representantes da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal - ACAPO, Associação Portuguesa de Deficientes, Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes e Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa.
"Os protagonistas foram vocês. Esperemos que a comunicação social transmita. Desta vez, não me importo que não passem as imagens da iniciativa, mas deem o protagonismo a quem deve ser dado que são as pessoas com deficiência, que lutam e persistem por uma vida melhor em termos de acessibilidades", afirmou Jerónimo de Sousa, dirigindo-se à plateia com pessoas de mobilidade reduzida e invisuais.
Uma das protagonistas elogiadas pela sua coragem pelo líder comunista foi Ana Sezudo, profissional de seguros de 42 anos e vítima de um acidente de viação na adolescência que a colocou numa cadeira-de-rodas, algo que não a impede de ser a 26.ª na lista de candidatos da CDU por Lisboa às eleições legislativas.
Entre as grandes dificuldades diárias com que se depara está o pronunciado declive das rampas de acesso à estação comboios da Amadora, além dos elevadores avariados em diversas outras estações e paragens de transportes públicos.
Mesmo para utilizar o comboio, Ana Sezudo tem de avisar a CP - Comboios de Portugal até 12 horas antes para haver uma carruagem dedicada, com rampa que permita entrar e sair da plataforma de embarque.