O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quarta-feira que o Governo português continua a preparar a visita do primeiro-ministro a Angola, prevista para esta primavera, depois de Luanda ter adiado a deslocação da ministra da Justiça, que deveria começar justamente esta quarta-feira.
"Os preparativos para a visita do primeiro-ministro, da parte portuguesa, continuam normalmente. Nós apresentámos várias datas possíveis para a visita se realizar e esperamos uma resposta das autoridades angolanas", disse aos jornalistas o ministro Augusto Santos Silva, no final de uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Europeus.
O ministro realizou, entre 10 e 12 de Fevereiro, uma visita a Angola, para reforçar a cooperação bilateral e preparar uma visita de António Costa àquele país, ainda para esta primavera.
Questionado se há alguma reserva do Governo angolano sobre a eventual visita do primeiro-ministro português, Santos Silva respondeu: "Não me parece que haja aqui qualquer reserva, mas veremos".
O chefe da diplomacia português sublinhou depois que a cooperação entre Lisboa e Luanda "chegou a um patamar que pede e justifica a visita um mais alto nível".
"No caso de Angola, dada a natureza executiva das questões em casa, parece que faz sentido haver uma visita do primeiro-ministro português. As autoridades angolanas concordam com esta avaliação e portanto sustentam que a próxima visita seja ao mais alto nível. Aliás, o meu colega dos Negócios Estrangeiros [angolano, Georges Chikoti] já anunciou isso em Portugal no ano passado", disse.
Neste momento, os dois países procuram encontrar "as datas mais convenientes para as duas partes", acrescentou.
Adiamento da visita da ministra da Justiça não tem a ver com a “Operação Fizz”
Sobre o adiamento, ainda sem nova data, da visita a Angola da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que Portugal e Angola procurarão reagendar esta deslocação.
Questionado sobre qual foi a explicação do Governo angolano, Augusto Santos Silva respondeu: "A justificação apresentada foi a necessidade de reponderar nova data".
Interrogado sobre se esta decisão do executivo de Luanda poderá estar ligada à acusação, na semana passada, do vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, pelo Ministério Público português, no âmbito da "Operação Fizz", relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, o ministro sublinhou a separação entre poder executivo e judicial.
"Do ponto de vista das autoridades portuguesas, os planos são completamente diferentes", disse.