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Alívio de algumas medidas sim, mas nem pensar em "dia da liberdade", defende o diretor de medicina intensiva do Hospital de São João, no Porto. Este aviso surge na véspera da reunião do Infarmed que pode conduzir a um alívio de restrições em Portugal.
O Governo e o Presidente voltam a ouvir os peritos na terça-feira e podem vir aí algumas mudanças ao nível das restrições que estão em vigor para conter a pandemia. O mesmo número de infeções está a gerar menos internamentos e óbitos e quase metade da população já tem a vacinação completa.
O diretor da medicina intensiva do Centro Hospitalar de São João considera que que a comunicação é muito importante e defende que será um erro falar em dia da liberdade, embora haja medidas que podem ser aliviadas.
“Acho que há medidas que podem ser levantadas, nomeadamente essa questão dos horários da restauração”, afirma à Renascença José Artur Paiva, considerando tratar-se de uma medida que não traz um grande benefício.
Já a “comunicação à população tem que ser muito clara”, defende o especialista, advertindo que “não se está ainda no momento de aliviar aquilo que é o comportamento individual e, nomeadamente, a utilização das regras da proteção individual”.
“A ideia de que podemos ter amanhã de um dia da liberdade - digamos assim - voltando tudo ao normal, é uma ideia que não deve ser passada à população, até porque este levantamento de medidas deverá ser muito gradual e muito proporcional à tal descida da colina da onda que temos que efetuar.”
Topo da quarta vaga por atingir
O diretor da medicina intensiva do Centro hospitalar de São João defende, por isso, que a abertura tem de vir de uma forma muito faseada e avisa que ainda não atingimos o topo desta quarta vaga.
“Acho que tem que ser sempre muito faseado, porque estamos ainda no processo ascendente de uma onda, portanto, da quarta onda, precisamos de percorrer a descida da onda e ainda não atingimos essa circunstância.”
“É verdade que a sobrecarga hospitalar, graças ao processo vacinal, não tem nada a ver com as situações anteriores, mas estamos ainda, nomeadamente em medicina intensiva, com um crescimento da procura da medicina intensiva, embora em níveis para os quais ainda temos claramente resposta adicional”, lembra o especialista.
Se é verdade que não se regista a pressão hospitalar que se verificou no início do ano, com as camas quase todas ocupadas com doentes Covid, José Artur Paiva alerta que estamos em cima da linha vermelha e dá o exemplo do Centro Hospitalar de São João, onde, no domingo, se encontravam “52 doentes hospitalizados e 17 destes em medicina intensiva com Covid-19 e, portanto, esta ainda é uma situação ascendente”.
José Artur Paiva refere que a “taxa de ocupação em medicina intensiva de Covid-19 tem andado à volta dos 85% no Centro Hospitalar de São João e, aliás, a taxa de ocupação é exatamente igual, também à volta destes valores no não Covi-19, que é sempre esquecido por não ser falado, mas que é muito importante”.
A pressão hospitalar que resulta do número de doentes com Covid-19 a necessitarem de cuidados intensivos é justamente um dos fatores a ter em conta, quando se decide o alívio das medidas para conter a pandemia.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.292 pessoas e foram registados 953.059 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A nível mundial provocou, pelo menos, 4.156.164 mortos em todo o mundo, entre mais de 193.687.980 infetados, de acordo com o balanço mais recente da agência noticiosa AFP.