O PS considerou esta quinta-feira que o aumento dos juros decidido pelo Banco Central Europeu (BCE) é contraproducente para famílias e empresas e acusou a "família europeia" do PSD e do CDS, do PPE, de apoiar esta política.
Esta posição foi transmitida pelo presidente do Grupo Parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, momentos antes de o BCE ter decidido formalmente o décimo aumento consecutivo nas três taxas de referência, desta vez em 25 pontos base, dando continuidade à estratégia para tentar travar a inflação.
"A inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%", justificou o banco central.
Em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do PS reiterou a posição do seu partido, segundo a qual o novo aumento das taxas de juro “é claramente contraproducente”.
“Penaliza as famílias e as expectativas dos agentes económicos, quando sabemos que esta inflação tem uma raiz energética [e] nos alimentos”, particularmente devido à guerra na Ucrânia, sustentou Eurico Brilhante Dias.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS observou a seguir que a subida dos juros “tem impactos diferenciados, porque nem todos os Estados-membros [da União Europeia] apresentam a mesma estrutura em matéria de créditos à habitação”.
“Em Portugal, as taxas variáveis indexadas à Euribor têm um peso significativo. Infelizmente, no Parlamento Europeu, o Grupo Parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE), de que faz parte o PSD e o CDS, tem sido o grande defensor desta política monetária, enquanto o governador do Banco de Portugal [Mário Centeno], uma entidade independente, já manifestou reservas”, contrapôs.
Ainda de acordo com Eurico Brilhante Dias, o Governo português, “pela palavra e pela iniciativa do primeiro-ministro, já tem dito que esses aumentos dos juros são claramente contraproducentes, não tendo uma eficácia que teriam em outras circunstâncias, porque os aumentos da inflação têm uma origem do lado da oferta”.
“É o momento de parar os aumentos das taxas de juro. O PS, que faz parte do Grupo Socialista e Democrata, no Parlamento Europeu, já manifestou a sua posição e teve a oportunidade de a comunicar à senhora governadora do BCE [Christine Lagarde]. A nossa posição é clara: Perante sinais de estagnação ou decréscimo do Produto Interno Bruto (PIB) que chegam em particular da Alemanha, não estamos em momento de o BCE continuar a castigar as famílias e as empresas”, sustentou.
Neste contexto, o líder da bancada do PS salientou que o BCE “é uma entidade independente, mas, em função de notícias – e até notícias de divisões entre governadores [de Estados-membros do euro] com perspetivas diferentes em relação a este aumento -, está chegado o momento de parar”.
“Tenho pena que a direita, a mesma que quis aplicar uma receita de austeridade em Portugal, continue a apoiar esse tipo de iniciativas e essa política” de aumento dos juros, acrescentou.