A Câmara Municipal de Cascais admite vir a interditar os areais das praias do concelho durante o período da pandemia de coronavírus.
O aviso da Câmara foi feito no dia depois de as praias terem tido uma afluência fora do comum para o mês de março. Para isso contribuíram as temperaturas altas e o facto de a maioria dos alunos das universidades e de muitas escolas estarem sem aulas, pelo que a autarquia decidiu tomar "medidas extraordinárias e em tempo recorde para alargar o controlo das praias fora da época balnear".
A situação causou alguma polémica e alarme, com o primeiro-ministro a apelar ao bom-senso dos cidadãos .
Por enquanto a Câmara não vai interditar as praias, mas anunciou a ativação de nadadores-salvadores admitindo, contudo, vir a tomar medidas mais drásticas.
A Câmara sublinha que as praias "não são um lugar seguro neste tempo e neste contexto" e apela ao "espírito de cidadania responsável".
"Mesmo sendo desaconselhada e civicamente censurável a deslocação às praias, a autarquia, dentro das suas competências, quer minimizar os impactos em matéria de segurança pública", refere a nota, acrescentando que estão em causa questões de saúde pública – devido ao surto de Covid-19 – e de segurança pública.
Em declarações à Renascença, Carlos Carreiras, presidente da Câmara, explica que "Em primeiro lugar estamos em consonância com a delegada de saúde e com o capitão do Porto. Iremos agir com a presença dos homens que já estão nas praias, como nadadores salvadores e com a própria Polícia Marítima. Isso será acionado se não for cumprido aquilo que estamos a solicitar a todos aqueles que, porventura, tenham ideia de ir para a praia".
O autarca explica que esta quinta-feira as praias estiveram com menos frequência, também porque as temperaturas não chegaram às de quarta-feira.
Foram, assim, ativados seis nadadores-salvadores para a praia de Carcavelos, quatro para a do Guincho, quatro para os areais de Cascais (Conceição, Duquesa, Rainha e Moitas), três para o Tamariz, dois para São Pedro e outros dois para a Parede.
Na quarta-feira foram registadas nos areais do concelho 20 ocorrências – 10 relativas a primeiros socorros e outras 10 de salvamento, numa altura em que "o mar de inverno tem grande amplitude de marés, com correntes e ondulações fortes".
"Vivemos num contexto de pandemia. É altamente desaconselhada a deslocação até às zonas balneares ou de grande concentração de pessoas. Vale sempre reafirmar o óbvio: a contenção do novo coronavírus é feita em casa, não é feitas nas ruas ou nas praias", escreve o município, liderado pelo social-democrata Carlos Carreiras.
A autarquia sublinha que o reforço de vigilância não implica que esta seja feita nos moldes e contingentes habituais, mas apenas que "há vigilância mínima assegurada por nadadores-salvadores, para que, ao problema grave de saúde pública, não se some outro de segurança".
Pedindo para que os cidadãos não vão a banhos, o município refere que, "caso as indicações não sejam seguidas, a Câmara de Cascais pondera ações mais drásticas como a interdição das praias do concelho", em articulação com a autoridade marítima.
Em Portugal, a Direção-geral da Saúde (DGS) atualizou esta quinta-feira o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada).
O boletim divulgado esta quinta-feira assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.