Vem aí um Bloco Central? A Renascença perguntou a José Adelino Maltez e António Costa Pinto, dois politólogos, se as últimas 24 horas foram uma espécie de negociação de um Bloco Central. Ambos rejeitam esse cenário, mas acreditam que, de uma forma ou outra, uma solução de governabilidade "terá de incluir" PS e PSD.
A sugestão de um "acordo de cavalheiros" entre PS e PSD, lançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na noite desta quarta-feira, reabriu a possibilidade do Bloco Central, em véspera do fim da campanha eleitoral.
"Vimos uma declaração de não dramatismo, que é o que a maioria do eleitorado está a sentir. Juntando PS e PSD temos uma larga fatia da população que, naquilo que é essencial para a manutenção da comunidade política e do regime, estão de acordo", considera, Adelino Maltez.
O professor e investigador de ciência política não acredita no cenário de Bloco Central, apenas em um "entendimento para a governabilidade de um deles, do vencedor".
António Costa Pinto também "não crê" que haja negociações de Bloco Central, apontando que Rui Rio já tinha prometido que estaria disponível para negociar uma viabilização do Orrçamento do Estado, "provavelmente através da abstensão" e acredita que o PS fará o mesmo, se perder as eleições.
"Independentemente do fracionamento partidiário, PS e PSD continuam de longe a ser os maiores partidos da Democracia portuguesa, Qualquer solução de governabilidade tem de incluir os dois", realça.
Rio foi mais claro que Costa
Quanto aos cenários mais prováveis que possam sair destas eleições, os dois politólogos concordam que há uma saída para a governabilidade, mas divergem na forma.
António Costa Pinto refere que Governos de coligação ou de acordos escritos "serão sempre mais estáveis" do que um Governo minoritário, mas "tanto a esquerda como a direita dão incertezas".
Mesmo assim, no entender do professor do ISCTE, o PSD formará Governo com uma coligação com a Iniciativa Liberal e, dependendo dos resultados eleitorais, com o CDS, enquanto se o PS ganhar, é mais provável um Governo minoritário com eventuais negociações à esquerda.
Já José Adelino Maltez acredita que estes dois cenários "condenam o PS e o PSD a um entendimento entre si".
"Uma alternativa de gerigonça, com a rutura que teve, ou a linha vermelha do Chega não darão estabilidade", considera.
Ambos os politólogos concordam que Rio "foi mais claro, desde o início" que António Costa, relativamente a cenários de governabilidade. E José Adelino Maltez acrescenta que Augusto Santos Silva acabou por clarificar a posição do PS.