Mais de uma semana depois das eleições presidenciais, o PS começa a mexer-se para a realização do Congresso, que devia ter acontecido há cerca de nove meses (no fim de maio) e que foi sendo sucessivamente adiado na sequência da pandemia.
Fonte da direção socialista diz à Renascença que a realização do Congresso está a ser ponderada e que, neste momento, o partido está a "recolher sugestões" sobre o formato ideal, tendo em conta as regras das autoridades de saúde e o pico de pandemia que o país está a atravessar.
A mesma fonte adianta que a reunião do órgão máximo da direção socialista poderá realizar-se, "talvez, num sistema misto, com vários pontos espalhados", ou seja, presencial e através de videoconferência.
Esta tem sido a opção adotada nos últimos meses para a realização das reuniões quer da comissão política, quer da comissão nacional do partido, e trata-se de facto "de uma possibilidade", mas sem ainda estar decidido ao nível da cúpula socialista. Também o congresso da Juventude Socialista, que decorreu entre 11 e 13 de dezembro, foi organizado em formato videoconferência, com a mesa do congresso e as principais participações a terem base em Leiria.
À Renascença é dito, também, que o calendário para a realização do congresso ainda não está decidido, mas o que é considerado ideal para a direção nacional do PS é que se realize "o mais longe possível deste planalto Covid e o mais antes possível das autárquicas".
Ou seja, antes do verão e a tempo de definir a estratégia para as eleições autárquicas, que devem acontecer em setembro ou outubro, e que normalmente implicam a realização de uma convenção, evento que para já não se sabe se vai acontecer.
Depois de vários adiamentos, o congresso do PS ficou prometido para depois das eleições presidenciais, no primeiro trimestre deste ano, bem como as eleições do secretário-geral do partido, da presidente e da comissão política das mulheres socialistas e, claro, dos delegados ao congresso nacional.
Independentemente, da data de realização, o ambiente pré-congresso já está sulfuroso, sobretudo no rescaldo das eleições presidenciais que levaram a um segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e de uma campanha em que o PS optou por não indicar apoio explícito a qualquer candidato.
Uma (não) tomada de posição por parte da direção socialista criticada internamente por pesos pesados como Pedro Nuno Santos, com o ministro das infraestruturas e Habitação a criticar numa ação de campanha digital de Ana Gomes essa "falta de comparência”. Este domingo, Pedro Nuno Santos voltou à carga nas críticas à direção socialista mais ostensivamente num artigo de opinião no jornal “Público”.
Depois de ter marcado o último congresso do PS, na Batalha, o ministro das Infraestruturas vem agora acusar o próprio partido de ter contribuído "involuntariamente para a afirmação do candidato da extrema-direita".
Para além disto, Pedro Nuno escreve que, se os socialistas tivessem apresentado um candidato próprio, até poderiam "ter perdido a batalha eleitoral de 24 de janeiro", mas teriam "reforçado a polarização entre esquerda e direita, e com isso a estabilidade da nossa democracia".
Presencial ou digital, o congresso do PS terá tudo para ser mais uma vez a definição de quem é que está com quem num futuro mais ou menos próximo.