O presidente da Câmara do Porto anunciou hoje que a autarquia não conseguiu notificar a administração do condomínio do centro comercial Stop da intenção de fechar o espaço, tendo o seu encerramento sido adiado por 10 dias úteis.
"Ao que pude apurar, até à manhã do dia de hoje, e pese embora todas as diligências, ainda não tínhamos conseguido notificar o senhor administrador [do encerramento]. Pelo que me informaram agora, terá sido notificado pessoalmente hoje, pelo que vão correr os 10 dias úteis previstos na lei", refere o autarca num ofício enviado à Lusa.
Em declarações aos jornalistas, à margem da atribuição das Chaves da Cidade a Francisco Pinto Balsemão, Rui Moreira salientou que a decisão "não resolve o problema", mas adia-o.
Nesse sentido, os arrendatários do centro comercial têm até 6 de outubro para desocupar o edifício.
Aos jornalistas, Rui Moreira disse ainda ser intenção do município organizar uma campanha de "crowdfunding" juntamente com os músicos para angariar dinheiro para as obras de reabilitação necessárias no edifício.
"Estou muito empenhado em resolver o problema do Stop e lembrei-me que podíamos organizar um conjunto de concertos solidários, que fossem um "crowdfunding", que poderia permitir ajudar os proprietários a fazer as obras mínimas para aquilo [Stop] poder funcionar. Temos a possibilidade de fazer isso no Coliseu e no Rosa Mota", referiu, dizendo que esta é uma "forma indireta" da autarquia ajudar os músicos e proprietários.
"É um desafio à cidade (...) Gostava que as pessoas se mobilizassem", referiu.
Moreira destacou também que a autarquia não desistiu de classificar o edifício, lembrando que a classificação de uso "permitiria garantir a continuidade do Stop".
"A classificação do imóvel pode ajudar a impedir que o imóvel tenha outro fim, mas a classificação não é uma varinha mágica que arranja dinheiro para fazer obras", observou, acrescentando ter recebido hoje o relatório interno relativamente à possibilidade de classificação do edifício e que o documento será enviado para a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
"Agora vamos enviar para a DRCN para ver se a DRCN nos acompanha na iniciativa, mas atenção que, mais uma vez, é um caminho íngreme. Por duas vezes que a câmara invocou o uso para classificar, um foi o Bolhão e o outro foi o Sá da Bandeira, mas em ambos o uso foi apenas um dos argumentos, os outros era o valor patrimonial, arquitetónico, nós neste não temos mais nenhum. É um desafio", acrescentou.
Numa publicação na rede social Instagram, também a associação de lojistas, músicos e artistas ALMA refere que aquele centro comercial "não será encerrado para já".
Indica ter ocorrido uma reunião na Câmara do Porto e que "o despacho" sobre o enceramento terá primeiro de ser recebido pela administração do centro comercial, o que "ainda não aconteceu".
Numa segunda publicação, a associação convoca todos os inquilinos e utilizadores do centro comercial para um encontro hoje, às 21:00, em frente ao cinema do centro comercial.
A 8 de setembro, os proprietários e arrendatários do centro comercial Stop foram notificados pelos serviços da Câmara Municipal do Porto de que tinham até 10 dias úteis para desocupar o edifício, prazo que terminaria na sexta-feira.
Em declarações então à agência Lusa, o presidente da Associação Cultural de Músicos (ACM) do Stop, Rui Guerra, afirmou que os proprietários e arrendatários foram hoje notificados, através de um edital afixado na porta do centro comercial.
Assinado pela diretora do Departamento Municipal de Fiscalização, o edital, a que a Lusa teve acesso, informa da decisão do presidente da Câmara do Porto de "determinar a cessação da utilização do edifício, de todas as frações autónomas e do parque de estacionamento".
O Stop, que funciona há mais de 20 anos como espaço cultural, com salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir, mas reabriu em 4 de agosto, com um carro de bombeiros à porta.