Um modelo dos contentores que serão instalados na praça do Martim Moniz, em Lisboa, projeto que têm merecido várias críticas de moradores e autarcas, vai poder ser visitado a partir da próxima segunda-feira, anunciou esta sexta a empresa concessionária do espaço.
O projeto de requalificação da praça do Martim Moniz, que prevê a instalação de cerca de 30 a 50 espaços comerciais em contentores revestidos, tem sido muito criticado por moradores e autarcas da capital.
A empresa Moonbrigade, concessionária do espaço, garantiu hoje, numa apresentação do contentor modelo aos jornalistas, que não vai abdicar da ideia dos contentores.
Estas estruturas terão 15 ou 30 metros quadrados e podem ser divididas em vários espaços comerciais, de modo a atender às necessidades dos comerciantes.
José Pinto, um dos sócios, defendeu que “o contentor é a melhor solução”, afirmando que é revestido de “componentes que suavizam o aspeto de um contentor industrial à partida”.
“Este módulo chegou na semana passada, com o objetivo de mostrar o que é que nós propomos para a praça”, reforçou o representante do concessionário Geoffroy Moreno, acrescentando que, a partir de segunda-feira, a comunidade poderá visitá-lo e fazer questões.
Apesar das várias críticas ao projeto, que originaram inclusivamente um cordão humano ao redor da praça como forma de protesto, os representantes defenderam que “não é verdade que está toda a gente contra”.
A empresa avançou também que assumirá custos de 45 mil euros mensais em limpeza, segurança e gestão de resíduos, além da renda de 5.700 euros, tendo José Pinto reiterado que "um espaço que não tem ocupação acaba por ser vandalizado".
A requalificação da praça do Martim Moniz vai custar cerca três milhões de euros e as obras estavam inicialmente previstas terminar no início do verão.
No entanto, os representantes da Moonbrigade disseram hoje que, como a obra está parada, não se conseguem pronunciar sobre o assunto.
O projeto do mercado do Martim Moniz vai gerar 300 postos de trabalho diretos e terá uma preocupação de sustentabilidade, apontou José Pinto à Lusa em fevereiro, referindo que “todo o material usado no espaço da restauração será biodegradável” e será reduzido o consumo de plástico, com recurso a copos reutilizáveis.
A empresa vai também promover uma plataforma de emprego, para fazer uma ponte entre os comerciantes e as pessoas à procura de trabalho, tendo por objetivo ter "pessoas que conhecem bem a zona" a trabalhar no mercado.
O novo mercado contará com uma peça do artista português Bordalo II, bem como do brasileiro Kobra, sendo que esta última representará “a união dos povos”, numa alusão à multiculturalidade da zona.
O projeto do mercado contempla um conjunto variado de estabelecimentos comerciais, que incluem a galeria Underdogs (que representa Vhils, entre outros), um cabeleireiro, uma loja de tatuagens, uma chapelaria, uma loja de discos, artesanato africano, especiarias da Índia, restaurantes de comida do mundo, entre outros.
José Pinto sublinhou ainda que esta concessão vai reduzir em 40% o espaço comercial relativamente à anterior e que a empresa vai apoiar a criação de um parque infantil, que deverá ter um mapa mundo no chão com jogos interativos.
A Direção-Geral do Património Cultural deu parecer favorável ao projeto do Martim Moniz.
Segundo o documento, "a intervenção proposta não altera, no essencial, as características do local", nem irá "alterar a relação do Martim Moniz com as características da envolvente aos valores patrimoniais em que este se insere".