A Caixa Geral de Depósitos (CGD) perdeu quase 1200 milhões de euros com 46 grandes créditos, até 2015. A informação consta do relatório final da auditoria da EY ao banco estatal, que foi entregue esta sexta-feira na Assembleia da República.
O documento não identifica os nomes dos grandes devedores, porque salvaguarda o sigilo bancário. No entanto, o presidente da CGD, Paulo Macedo, referiu que, se a lei sobre acesso a informação bancária for promulgada, o relatório sobre a auditoria ao banco "deverá ser disponibilizado na íntegra".
"Buraco" de 176 milhões com autoestradas
Quatro autoestradas estão entre as 25 operações com maiores perdas para a Caixa Geral de Depósitos, atingindo as perdas por imparidade 176 milhões de euros no final de 2015, indica o relatório.
"Das 25 operações com maiores perdas, quatro operações referem-se a 'project finance' para a construção de autoestradas, com data de concessão inicial em 2004 e em 2008", lê-se no documento disponibilizado no site do Parlamento.
Em 31 de dezembro de 2015, "a exposição ascendia a 256 milhões de euros com alocação de perdas por imparidade de 176 milhões de euros", lê-se no documento, que precisa que em dois dos casos "a exposição inicial assumida pela CGD foi através de concessão de garantias bancárias".
Três operações tiveram parecer de risco favorável elaborado pela Direção Global de Risco (DGR) e uma operação teve parecer desfavorável por parte da referida direção.
Mais créditos tóxicos sem aval da direção de risco
Apenas 14 dos 216 créditos problemáticos da Caixa Geral de Depósitos (CGD) receberam luz verde da Direção Global de Risco do banco, adianta o jornal "Expresso".
Os créditos tóxicos em causa, que originaram perdas superiores a 1000 mil milhões de euros, são referentes ao período entre 2000 e 2015.
A direção de risco concedeu aprovação condicionada a 112 operações, mas a maioria dos créditos, que mais tarde correram mal, acabou por ser concedida sem que as condições fossem verificadas.
De acordo com o Expresso, apenas 35 empréstimos condicionados foram atribuídos com os requisitos pedidos pela direção-geral de risco da Caixa.