O pano de fundo é um trágico período da história: a Segunda Guerra Mundial e o drama da fuga dos judeus perseguidos por Hitler. Neste palco, a figura de Aristides de Sousa Mendes assume protagonismo.
“Uma praça em Antuérpia” viaja entre 1916 e 2000 para contar duas histórias: uma de amor, a parte romanceada do livro, e outra do cônsul português em Bordéus que salvou milhares de vidas, emitindo vistos de entrada em Portugal.
“Já tinha ouvido falar do cônsul, mas não conhecia a fundo. À medida que fui pesquisando, fui ficando fascinada e achei que precisava de contar esta história”, revela à Renascença Luize Valente, a escritora e jornalista brasileira, autora do livro.
Fascinada pela história, por Portugal e pela figura de Aristides de Sousa Mendes, que “desafia o próprio Governo de Portugal, que impedia que aqueles vistos fossem dados”.
Para escrever “Uma praça em Antuérpia”, Luize fez um grande trabalho de pesquisa, viajando por países como Portugal, Bélgica, França e Espanha para ser o mais possível fiel à história da época que quis contar.
“Peguei nos factos históricos e inseri os meus personagens”, diz.
Mas manter o respeito à história num livro de ficção foi, segundo a escritora, um grande desafio, até porque a história da fuga à guerra repete-se agora com o drama dos refugiados da Síria e de outros países.
“Queria mostrar a agonia daquelas pessoas que precisavam de deixar um país, tinham de fugir e não tinham como sair. Uma situação um pouco parecida com a dos refugiados, mas tínhamos a Europa toda em guerra”, compara, considerando que o sofrimento, a angústia, a incerteza de quem perde tudo se repete agora, mantendo actual a história de Aristides de Sousa Mendes, um herói português.
A escritora já visitou a casa do cônsul português, que está a ser transformada em museu pelos seus netos. O objectivo é manter viva a memória de Aristides de Sousa Mendes.