Uma segunda mulher ‘dalit’ morreu na Índia após ter sido violada por dois homens, informou esta quinta-feira a polícia, após a morte de uma primeira jovem do mesmo grupo social ter indignado o país esta semana.
Este segundo caso diz respeito a uma mulher de 22 anos, que foi violada na terça-feira por dois homens e morreu a caminho do hospital no Estado de Uttar Pradesh, disse a polícia local.
Os ‘dalits’, anteriormente chamados de "intocáveis", são os cidadãos mais oprimidos da Índia, devido à sua posição na hierarquia das castas. E embora as leis os protejam, a discriminação é uma realidade diária para esta população, estimada em cerca de 200 milhões.
Segundo a polícia, os dois suspeitos foram presos e acusados de violação coletiva e homicídio.
As autoridades indicaram que uma investigação ainda está em curso e que os suspeitos poderão ser julgados num procedimento expedito por um tribunal especial.
"Um motorista de riquexó trouxe-a para casa. (A jovem) foi deixada na frente de nossa casa. A minha filha mal se conseguia levantar ou falar", disse a mãe da vítima, citada pela NDTV.
O ataque à jovem de 22 anos ocorreu no distrito de Balrampur, em Uttar Pradesh.
A cerca de 500 quilómetros deste local, ocorreu o caso de outra jovem ‘dalit’, que foi violada em meados de setembro, alegadamente por quatro homens de castas superiores.
Esta vítima, de 19 anos, estava hospitalizada desde que foi violada por quatro homens em 14 de setembro, na vila de Hathras, no Estado de Uttar Pradesh, e morreu na terça-feira.
A sua morte gerou protestos em Nova Deli e em várias cidades de Uttar Pradesh.
Estes novos casos de violação ocorrem após a execução, em 20 de março, de quatro homens que violaram em grupo e assassinaram uma estudante num autocarro em Nova Deli, em dezembro de 2012, um crime que se tornou um símbolo do problema da violência sexual contra as mulheres na Índia.
Os cerca de 200 milhões de ‘dalit’ indianos há muito sofrem agressões e discriminação. As agressões aumentaram durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, de acordo com os seus defensores.
Em 2019, uma média de 87 violações diárias foi registada na Índia e os crimes contra as mulheres aumentaram em mais de 7% ao ano, de acordo com dados oficiais divulgados na terça-feira.
No entanto, esse número poderá ser maior, porque muitas violações não são denunciadas, segundo os especialistas.