Foi unânime a escolha do júri para a segunda edição do Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva. A escritora Lídia Jorge foi a premiada pela sua “personalidade de invulgares méritos”. O júri destaca também o “reconhecimento na atividade cultural” da autora de ‘Misericórdia’.
Atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e pela Câmara Municipal de Braga, o prémio no valor de 20 mil euros destaca também a projeção da escritora “aquém e além-fronteiras”.
Nascida no Algarve, em Boliqueime, Lídia Jorge estreou-se na escrita com ‘O Dia dos prodígios’. No passado já venceu outros prémios, como o Vergílio Ferreira em 2015 ou o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores em 2007.
Autora de vários géneros literários que vão do romance, como em ‘Estuário’ ou ‘Os Memoráveis’, ao conto como ‘A Instrumentalina’, Lídia Jorge é premiada pelo júri também pelo seu “percurso notável” como “romancista, poeta, autora de obras marcantes nos domínios do conto e da crónica, com numerosas e aplaudidas traduções em diversas línguas”.
Lídia Jorge viu a sua obra ser amplamente reconhecida quando em 1988 lançou ‘A Costa dos Murmúrios’, mais tarde adaptado ao cinema pela realizadora Margarida Cardoso.
‘O Vento Assobiando nas Gruas’, lançado em 2002, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE. A obra aborda a relação entre uma mulher branca e um homem africano, e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes.
Entre outras obras, Lídia Jorge escreveu ainda ‘O Vale da Paixão, ‘Combateremos a Sombra’, ‘Os Memoráveis’ ou ‘O Livro das Tréguas’, que marcou a sua estreia na poesia.
Lá por fora, a obra de Lídia Jorge já foi também distinguida. Venceu a primeira edição do prémio Albatross da Fundação Günter Grass, o Grande Prémio Luso-Espanhol de Cultura e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas de Guadalajara, entre outros.
O Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva foi criado em 2021 e é atribuído de dois em dois anos. O primeiro vencedor foi o ensaísta e tradutor João Barrento.
Vítor Aguiar e Silva venceu em 2020 o Prémio Camões. O prémio que leva o seu nome pretende “distinguir poetas, ficcionistas e ensaístas de topo, de consagração plena, no quadro da cultura portuguesa”, segundo a APE.
Antes, quando se designava apenas Vida Literária, o prémio foi atribuído a autores como Miguel Torga, José Saramago, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Óscar Lopes, José Cardoso Pires, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Cesariny, Vítor Aguiar e Silva, Maria Helena da Rocha Pereira, João Rui de Sousa, Maria Velho da Costa e Manuel Alegre.