O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, deverá ser ouvido no parlamento nos próximos dias a propósito do caso BES, avançou esta terça-feira a presidente da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA).
"Falarei com o governador do Banco de Portugal para que se possa fazer o agendamento e darei nota aos senhores deputados e deputadas, muito provavelmente amanhã [quarta-feira] já, da conversa com o governador" vincou Teresa Leal Coelho, na reunião desta tarde da COFMA.
Carlos Costa enviou na segunda-feira uma carta à comissão parlamentar das Finanças para prestar esclarecimentos sobre o seu papel no caso BES, mas a COFMA dispunha já de um pedido do PCP para o governador ser escutado.
Esta terça-feira à tarde, foi debatido entre os deputados os moldes da futura audição de Carlos Costa, tendo sido mesmo levantada a hipótese de se desdobrar em duas: uma dedicada ao pedido do PCP e outra sobre a matéria em que Carlos Costa diz querer "repor a verdade", e que diz respeito às recentes reportagens da SIC sobre o caso BES, com incidência na actuação da instituição liderada por Carlos Costa no segundo semestre de 2013.
Ficou acordado entre os deputados a realização de uma única audição ao líder do banco central, com Carlos Costa a poder proferir uma intervenção inicial, mas com o PCP a ser o primeiro partido a fazer perguntas.
"Há um conjunto de acusações à supervisão que distorcem aquilo que é a realidade do que se passou", afirma Carlos Costa na carta endereçada aos deputados onde pede a sua audição.
As reportagens, escreve Carlos Costa na carta, "tiveram como efeito desacreditar a conduta do BdP e o exercício da função de supervisão".
Segundo a reportagem intitulada "Assalto ao Castelo", técnicos do BdP assinaram uma nota informativa interna, logo em Novembro de 2013, na qual punham em causa a continuidade de quatro administradores do BES e sugeriam mesmo o afastamento imediato do presidente, Ricardo Salgado.
O PCP e o Bloco de Esquerda defendem a demissão de Carlos Costa, mas o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, recusou essa hipótese.
O líder parlamentar socialista, Carlos César, admitiu na quinta-feira que os novos dados que indiciam uma acção tardia do governador no caso BES constituem "objecto de reflexão", confirmando "falhas significativas" da supervisão.