O presidente da Câmara de Arouca apelou a uma "distribuição rápida" dos fundos do Estado para proprietários de animais que perderam o pasto nos recentes incêndios, já que antecipa gastos superiores a 430.000 euros em alimentação substituta.
"O Ministério da Administração Interna tem um fundo de emergência que vai ser aplicado na sobrevivência dos animais e é preciso que a distribuição seja rápida porque os criadores não conseguem suportar a despesa com a alimentação que vão ter que comprar para substituir o pasto que ardeu", declarou à agência Lusa José Artur Neves.
"A Cooperativa Agrícola de Arouca vai criar uma conta corrente em débito para ajudar esses proprietários, mas esta despesa terá que ser paga por alguém e esperamos que seja pela Administração Central, já que o Governo nos disse que tudo seria canalizado através das autarquias e nós queremos agilizar o processo para tudo regressar à normalidade o quanto antes", realçou o autarca.
Nos incêndios da última semana em Arouca arderam 170 quilómetros quadrados de terreno florestal e agrícola, o que destruiu 98% da área de pastoreio disponível nas zonas de serra do concelho.
Esses estragos afectaram 57 proprietários pecuários, que ficaram assim sem alimentação natural para 349 cabeças de gado de raça arouquesa e ainda 836 pequenos ruminantes de raça ovina e caprina.
Na falta desse pasto natural, a Câmara e a Cooperativa Agrícola de Arouca estimam que os referidos proprietários venham a ter que despender em alimentação substituta 1,20 euros por dia por cada pequeno ruminante e pelo menos 3 euros diários por cada animal de grande porte.
A uma média de 30 dias por mês até ao despontar de nova vegetação rasteira nos terrenos ardidos, o que os serviços da autarquia prevêem para Março de 2017, é de esperar que a despesa global com aquisição de alimento para esses animais ultrapasse assim os 430.000 euros.
O incêndio que deflagrou em Arouca a 8 de Agosto em Janarde chegou a ser combatido por mais de 900 bombeiros, com o apoio de nove meios aéreos. Dos 328 quilómetros quadrados que constituem o concelho, arderam 170 quilómetros quadrados, o que arruinou 58% da floresta do município. A autarquia estima os prejuízos globais para a economia local em 120 milhões de euros.