O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) reconhece a carência de médicos para assegurar as urgências, mas afirma que ainda foi possível compensar a saída de clínicos, apesar do "relevante esforço" que tem sido feito.
Em comunicado, o CHULN reconhece as "carências existentes", em termos de médicos para a atividade de urgência, mas esclarece que "mercê do esforço, flexibilidade e incontestável dedicação dos profissionais, é nos fins de semana que se verifica a maior dificuldade em equilibrar a dotação das equipas, pois nos dias úteis, incluindo os períodos noturnos, a articulação entre as equipas permite dotações mais adequadas".
O CHULN lembra que, como unidade hospitalar de referência, incorpora "uma Urgência Polivalente que regista a maior afluência diária da Região de Lisboa e Vale do Tejo, pugnando por assegurar cuidados de saúde de qualidade".
"No contexto das incontornáveis solicitações assistenciais, nomeadamente em contexto de urgência, é preocupação do Conselho de Administração identificar os constrangimentos e limitações existentes, no sentido de procurar soluções que conduzam à preservação dos elevados níveis de cuidados prestados à população", afirma no comunicado.
Na quarta-feira realizou-se uma reunião entre o diretor clínico e todos os chefes de equipa da urgência, "para, com transparência e frontalidade, serem objetivados os problemas e perspetivadas as soluções que, a curto prazo, mitiguem as dificuldades e a médio/longo prazo tragam a necessária estabilidade e solidez às condições de trabalho e prestação de cuidados".
O CHULN refere que, nos últimos anos, mercê do envelhecimento da população médica e do progresso das determinações que regulam o exercício da profissão médica, assistiu-se à saída das escalas da Urgência Geral de especialistas e internos das outras especialidades médicas, sendo atualmente as equipas constituídas quase exclusivamente por médicos de Medicina Interna.
Apesar do "relevante esforço" que tem vindo a ser feito no sentido de "reforçar de forma consistente o quadro de internistas do CHULN, bem patente na atribuição de 13 vagas no último concurso de recrutamento e na prioridade dada também a esta especialidade para o concurso a ser aberto brevemente a nível nacional, não foi ainda suficiente para compensar as saídas atrás referidas".
Os chefes de equipa do serviço de urgência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que engloba os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, recusam assumir responsabilidades sobre a assistência aos doentes por falta de médicos.
Numa minuta de escusa de responsabilidades entregue à administração, alegam que "não estão reunidas as condições para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e com a necessária segurança”.
Em declarações à Renascença, Nídia Zózimo, uma das chefes de equipa do Santa Maria, refere que há “uma situação de grave carência de médicos, mas essencialmente uma escassez enorme de especialistas”.
Dados enviados à Lusa pelo centro hospitalar indicam a evolução do número de especialistas no CHULN desde 2016.
A evolução mostra "uma subida sustentada quer do total de médicos - o centro hospitalar tem hoje 864 especialistas, mais 52 do que em outubro de 2016 -, quer dos especialistas de Medicina Interna - que são hoje 95, quando há três anos eram 87", refere o CHULN, salientando que este aumento será reforçado "ainda mais com vagas nos próximos concursos".
Em termos absolutos, a evolução anual de especialistas "foi sempre de dois dígitos nos últimos anos", afirma, acrescentando: "Entre outubro de 2016 e outubro de 2017, por exemplo, o centro hospitalar passou a contar com mais 24 médicos especialistas, a que se somaram mais cerca de 30 (28) de lá para cá".