Os familiares das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande têm pago taxas moderadoras para ter apoio psicológico. Em entrevista à Renascença, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes reconheceu essa situação, justificando com a necessidade de mudar aquilo que é a lei geral. E anunciou um reforço no apoio psicológico a partir de 1 de Agosto.
A denúncia da exigência de taxas moderadores tinha sido feita pela Associação das Famílias e Amigos das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. O assunto demorou a ser resolvido.
“O secretário de Estado adjunto tomou a iniciativa de fazer uma proposta para que a dispensa de taxas fosse efectiva. Como sabe, a mudança da lei não é instantânea porque há regras que se aplicam ao geral dos cidadãos. Portanto, esse assunto está a ser acolhido”, responde o ministro, que admite, mas não garante, a devolução das taxas já pagas.
“É uma matéria que tem de ser analisada quer pela Saúde, quer pela Segurança Social. Não será por isso que as pessoas deixarão de ter apoio e se fará a excepção legislativa que se imponha, tendo em conta até as condições económicas das pessoas que estejam envolvidas na situação”, afirma Adalberto Campos Fernandes, aproveitando para elogiar o trabalho já feito.
“Queria a esse propósito, fazer aqui uma nota de reconhecimento ao trabalho que a equipa coordenada pela drª Ana Araújo, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra tem feito naquela região. Um trabalho notável de apoio às famílias das vítimas, às populações, às comunidades, um trabalho que tem sido reconhecido pelos autarcas e está bem documentado através de relatórios que são feitos semanalmente sobre a actividade de proximidade e de apoio às comunidades”, afirmou o ministro, que garantiu disponibilidade do Governo para o reforço que for necessário.
Adalberto Campos Fernandes anuncia que, a 1 de Agosto, “vai ser reforçado em toda aquela região afectada, o corpo de psicólogos que vão trabalhar no âmbito da equipa de saúde mental”. E acrescenta: “A disponibilidade do Governo nessa matéria é total. As equipas têm feito um esforço enorme que é reconhecido pelas populações, mas iremos acolher qualquer necessidade adicional e, naturalmente, que iremos, se for possível de executar, executá-la rapidamente.”
Na entrevista, gravada antes da divulgação pelo Ministério Público da lista oficial de vítimas mortais da tragédia de Pedrogão, o ministro manifesta-se a favor dessa divulgação e condena o debate político à volta deste assunto. “As pessoas envolvidas nesta tragédia têm sofrido muito e merecem o respeito de não se fazer actividade política de nível inapropriado sobre isto”, afirmou.