O primeiro-ministro de França anunciou esta terça-feira a suspensão, por pelo menos seis meses, do aumento dos impostos sobre os combustíveis que tinham sido programados para 1 de janeiro.
Reagindo aos fortes protestos que se têm feito sentir em França ao longo das últimas semanas, Édouard Philippe disse que “o Estado é o garante da paz e da ordem pública” e que “nenhum imposto deve ameaçar a unidade nacional”.
“A violência tem de acabar”, sublinhou o primeiro-ministro, concluindo que “depois de ter ouvido a revolta, suspendo por seis meses três medidas fiscais, incluindo o aumento do imposto sobre combustíveis”.
“Seria preciso ser cego ou surdo para não escutar esta revolta”, sublinha.
O primeiro-ministro reafirma que o Governo quer investir na diminuição da utilização de combustíveis poluentes, mas acredita ser necessário repensar o ritmo da transição e admitiu que o Executivo errou neste processo. “Os franceses que vestiram coletes amarelos querem que os impostos desçam e que o trabalho compense. Também nós queremos o mesmo. Se eu não fui capaz de o explicar, se a maioria não conseguiu convencer os franceses, então algo tem de mudar”, disse.
A grande carga de impostos, perda do poder de compra e desilusão geral com o Governo são as queixas mais comuns entre quem está a manifestar nas ruas do país.
As primeiras manifestações dos “coletes amarelos” começaram há semanas, mas o fim de semana ficou marcado por violentos protestos em Paris, incluindo atos de vandalismo no Arco do Triunfo. O monumento, que é símbolo emblemático de Paris e da própria França, foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.
Esta segunda-feira começaram a notar-se os efeitos do bloqueio a instalações da petrolífera Total, com vários postos de abastecimento a esgotar o combustível.
Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos "coletes amarelos" e que houve 263 feridos, além de centenas de detidos.