Os acionistas do grupo Global Media rejeitam responsabilidades e acusam novo dono de incumprimento. Em comunicado, Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira manifestam “grande preocupação” pelos salários em atraso e pela situação financeira do grupo.
O grupo de acionistas defende que o novo investidor, o World Opportunity Fund, Ltd, está em “manifesto incumprimento” relativamente a “obrigações revelantes dos contratos, que teriam permitido o pagamento dos salários e o cumprimento de outras responsabilidades da empresa”.
Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira afirmam que a venda das participações "decorreu com respeito de todas as regras de compliance e de boa governança normalmente exigidas nesta tipologia de negócios". Acrescentam ainda que foi realizado "um extenso e transparente processo de due diligence económico financeiro por parte do novo investidor".
Depois de incitados pelos trabalhadores do "Jornal de Notícias" a pronunciarem-se publicamente sobre a situação, os quatro acionistas apontam que não têm, neste momento, "qualquer responsabilidade nas decisões executivas" tomadas pela nova administração. No entanto, prometem tudo fazer para restabelecer a credibilidade da Global Media.
"Os acionistas não deixarão de recorrer a todos os meios ao seu dispor para exercer os direitos legais e contratuais que lhes assistem e, bem assim, de tudo fazer quanto estiver ao seu alcance para restaurar a credibilidade do GMG e das suas marcas, honrando a história do Grupo e de todos aqueles que diariamente dão o seu melhor por um jornalismo de excelência", declaram.
O Global Media Group é detentor dos órgãos de comunicação social "Diário de Notícias", "Jornal de Notícias", "Dinheiro Vivo", "TSF" e "O Jogo", entre outros. Depois de prometer investir nos títulos do grupo, a nova administração anunciou um processo de rescisões de 150 a 200 trabalhadores.
Os trabalhadores da "TSF" estiveram em greve a 20 de setembro, protestando a mudança da direção da rádio - forçada pela administração contra a vontade do Conselho do Redação. No início de dezembro, foram os trabalhadores do "Jornal de Notícias" que estiveram em greve por dois dias, também a protestar contra atrasos nos salários.
Depois, em dias consecutivos, as direções da "TSF" e do"Jornal de Notícias", "O Jogo" e "Dinheiro Vivo" demitiram-se em bloco. Para fazer face ao não pagamento dos salários, vários jornalistas angariaram mais de dez mil euros, enquanto o Governo apontou para o uso do Fundo de Garantia Social.