O ano que agora principia apresenta um problema de calendarização nunca antes vivido na história de quase 90 anos do campeonato português de futebol. O embaraço resulta da inusitada e inoportuna data do Mundial do Catar. A prova realiza-se de 21 de novembro a 18 de dezembro. É a primeira vez que a mais importante competição planetária de seleções está agendada para o inverno.
Juntando aos 28 dias de competição, estágios de preparação e viagens, os clubes ficarão privados dos jogadores convocados durante um mês e meio. O cenário vai implicar uma paragem de seis semanas da liga portuguesa e das competições europeias de clubes.
A UEFA trabalhou a tempo e horas e calendário, optando por condensar a fase de grupos da Liga dos campeões, Liga Europa e Liga Conferência entre 6 de setembro e 3 de novembro. Num calendário muito apertado de início da época 2022/23 acrescem as duas jornadas decisivas da Liga das Nações a 24 e 27 de setembro.
A Liga Portugal tem pouco espaço de manobra e quero acreditar que já esteja a pensar nas datas que melhor possam embutir em meses tão comprimidos. Para o impasse de uma decisão não servirá de desculpa o desconhecimento das datas da UEFA porque foram publicadas em julho do ano passado pelo organismo presidido por Aleksander Čeferin. Nem tão pouco a indefinição até março sobre a presença da seleção portuguesa no mundial, uma vez que as competições profissionais terão de parar com ou sem a equipa das quinas no Catar.
A Liga precisa de um calendário criativo que salvaguarde o interesse dos clubes, jogadores e adeptos e minimize os prejuízos do negócio durante a paragem provocada pelo Mundial. Reconheça-se que a empreitada não se afigura fácil. Mas os diferentes agentes do futebol precisam atempadamente de saber as linhas com que se cosem para a nova época. O calendário das competições nacionais é o berbicacho que urge resolver em 2022.