O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu de emergência para discutir os recentes desenvolvimentos no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O encontro decorreu, em Nova Iorque, na madrugada desta terça-feira, após o presidente russo ter assinado o decreto para reconhecer a independência dos territórios separatistas de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU condenou a decisão de Moscovo em reconhecer os dois territórios controlados pelos separatistas pró-Rússia, alertando para “consequências terríveis na Ucrânia, na Europa e no mundo”.
Linda Thomas-Greenfield disse que Vladimir Putin “rasgou os acordos de Minsk” e que Washington “não acredita que fique por aí”.
Perante o Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora americana afirmou que “reconhecer Lugansk e Donetsk como regiões independentes faz parte da tentativa da Rússia de criar um pretexto para invadir ainda mais a Ucrânia”, acusando Moscovo de estar “à procura de um pretexto para gerar uma guerra”.
A mesma responsável assegurou que os Estados Unidos, em conjunto com os aliados, vão aplicar sanções à Rússia. “É o momento de defender as Nações Unidas e a ordem internacional tal como a conhecemos. Os Estados Unidos vão impor sanções à Rússia pela clara violação da lei internacional, da soberania da Ucrânia e da integridade do seu território”, disse aos jornalistas.
Linda Thomas-Greenfield deixou ainda um apelo à Rússia para que “volte à mesa da diplomacia e trabalhe na procura da paz”.
Os Estados Unidos preparam-se, entretanto, para concretizar a aplicação de sanções financeiras à região da Ucrânia declarada independente, no âmbito de uma série de medidas concertadas pela União Europeia e pelo Reino Unido.
Para esta terça-feira, Boris Johnson convoca uma reunião de emergência do governo britânico onde vão ser discutidas sanções à Rússia, de acordo com uma nota emitida pelo gabinete do primeiro-ministro.
Ucrânia e Rússia trocam acusações
O embaixador de Kiev na ONU reforçou a mensagem de que as fronteiras da Ucrânia permanecem “imutáveis”, independentemente das ações recentes da Rússia.
“Estamos na nossa própria terra. Não temos medo de nada nem de ninguém, não devemos nada a ninguém e não daremos nada a ninguém”, disse Sergiy Kyslytsya.
Por outro lado, Vasily Nebenzya, embaixador da Rússia nas Nações Unidas, acusou o governo de Kiev de “sabotar os acordos de Minsk” e afirmou que “o mundo ocidental está a colocar armas na Ucrânia”.
Garantiu que “a Rússia não quer permitir um banho de sangue na região de Donbass” e que a Ucrânia “está a embarcar numa aventura militar”.