O Papa Francisco alertou esta sexta-feira para os sinais de xenofobia na Europa, apelando ao respeito pelos refugiados e migrantes que procuram uma vida melhor neste continente.
“Não escondo a minha preocupação perante os sinais de intolerância, discriminação e xenofobia que se encontram em várias regiões da Europa”, disse, durante um encontro com responsáveis pela pastoral dos migrantes e refugiados dos países que integram o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
O Papa sublinhou que estes sinais são muitas vezes provocados pela “desconfiança e medo” do outro.
“Preocupa-me ainda mais a triste constatação de que as nossas comunidades católicas na Europa não estão isentas de culpa nestas reacções de defesa e rejeição”, acrescentou Francisco.
A intervenção apontou o dedo a quem promete actos xenófobos com a justificação de preservar a sua “identidade cultural e religiosa”.
O Papa deixou elogios à actuação das comunidades católicas que se empenharam na ajuda aos migrantes e refugiados que “batem à porta” da Europa, num momento em que a chegada “em massa” destas populações colocou em crise as atuais políticas migratórias.
Francisco entende que o “desagrado” manifestada nalguns sectores da sociedade europeia mostra os “limites do processo de unificação” do continente, os “muros” contra os quais se insurge um “humanismo integral”.
O pontífice falou ainda numa nova “fronteira missionária” para a Igreja Católica, ao encontro de quem chega de outros países, promovendo “um diálogo ecuménico e inter-religioso sincero e enriquecedor”.
A Santa Sé preparou um conjunto de 20 “boas práticas” no acolhimento dos migrantes que o Papa convidou as várias Igrejas locais a implementar, tendo como base quatro verbos: “acolher, proteger, promover, integrar”.
A audiência no Vaticano está inserida no “encontro anual de bispos e delegados a cargo da pastoral dos migrantes”, que decorre em Roma até domingo.
Criado em 1971, o CCEE é composto por 33 conferências episcopais da Europa, incluindo Portugal, representadas pelos seus presidentes, além dos arcebispos do Luxemburgo, Principado do Mónaco, Chipre dos Maronitas e o bispo de Chisinau, na Moldávia.