O Presidente da Rússia acusou, esta quinta-feira, o Ocidente de estar a fazer "um jogo perigoso, sujo e sangrento", na guerra que confronta o seu país e a Ucrânia.
Vladimir Putin discursava no decorrer de um encontro sobre política externa, no Clube de Valdai, um grupo de reflexão ao qual está ligado.
“O Ocidente prossegue esta escalada, não há nada de novo nisto, e continua a alimentar a guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo que desestabiliza os mercados mundiais dos bens alimentares e da energia”, referiu.
“O domínio do mundo é, precisamente, o que o Ocidente decidiu apostar neste jogo, mas é um jogo perigoso, sujo e sangrento”, sublinhou Putin.
"Rússia tem direito à sua existência"
Sem perder muito tempo a falar da guerra, o Presidente russo preferiu direcionar as críticas para o Ocidente, que acusou de "colocar de lado todas as regras", quando confrontado, por exemplo, com a concorrência da Ásia.
"As elites ocidentais não têm o direito de impor aos outros que sigam o seu caminho", uma vez que “ninguém pode dizer ao nosso povo como devemos construir a nossa sociedade. Nunca suportaremos isso, nem seremos uma civilização de segunda categoria”, afirmou, convicto.
Por outro lado, aponta o dedo aos países ocidentais, afirmando que usam as sanções económicas e provocam "revoluções coloridas" contra os que consideram ser “rivais”, apenas porque não têm capacidade de “competir de forma justa, com o crescente poder económico e político da Ásia”.
“A Rússia não procura hegemonia”, declarou, mas "tem direito à sua existência e reserva-se no direito de promover o seu próprio desenvolvimento”.
Neste discurso, Vladimir Putin disse ainda que a Rússia “não se considera um inimigo do Ocidente”, mas foi este que rejeitou “todas as tentativas” por parte do seu país, “de construir boas relações com os Estados Unidos e a NATO”, uma vez que o desígnio era “manter a Rússia vulnerável”.
Ainda assim, acredita que “mais tarde ou mais cedo”, os “Estados Unidos e os seus aliados”, vão ter de voltar a “conversar com a Rússia”.
O Presidente russo deixou ainda um aviso: "O período de supremacia do Ocidente está a acabar", considerando, por outro lado, que “o mundo está a viver a década mais perigosa desde o fim da II Guerra Mundial”.