As obras no Teatro Nacional D. Maria II afinal vão durar mais do que o inicialmente previsto. O presidente do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II confirmou esta quarta-feira, em Évora, que as "obras vão decorrer até outubro de 2024" e que a reabertura da sala do Rossio só acontecerá em janeiro de 2025.
Na semana em que a Odisseia Nacional chega ao Alentejo, em mais uma etapa desta programação que está a levar o teatro pelo país, o D. Maria II pensa já no futuro. Rui Catarino explica que a "Odisseia não pode ter um fim".
A programação itinerante "veio para ficar", aponta o responsável do D. Maria II em conferência de imprensa no Teatro Garcia de Resende. Numa altura em que a Odisseia Nacional chega a 30% do território nacional, Rui Catarino indica que o Teatro Nacional está a "ver como esta faceta se pode tornar permanente".
"Muito rapidamente fomos nos apercebendo da importância do TNDM na vida das comunidades", afirma Rui Catarino nesta chegada a Évora, onde na próxima sexta-feira estreia a peça "A Farsa de Inês Pereira".
Escrita por Pedro Penim, a partir de Gil Vicente, a peça encerra a trilogia que o dramaturgo e também diretor artístico do D. Maria tem vindo a escrever em torno do tema da família.
Uma das protagonistas de "A Farsa de Inês Pereira" é Rita Blanco, que no encontro com a imprensa destacou:
"O teatro, nesta altura do campeonato, com o mundo como está, tem de ser uma arma, servir o povo e ser político."
Sobre a peça que sobe ao palco do Garcia de Resende, Rita Blanco ressaltou essa dimensão política e frisou a importância do projeto da Odisseia Nacional.
Segundo a atriz, "a Odisseia Nacional quer dar um passo fundamental ao trabalhar com as pessoas dos sítios", considerando que "é fundamental envolver as pessoas dos locais".
"Não faz sentido fazer teatro para oferecer às pessoas. Nesta altura temos de ser mais corajosos e fazer teatro sobre a vida delas", sublinhou.
Na conferência estiveram também presentes outros criadores, entre eles, João de Brito, do Teatro Lama de Faro, que vai estrear a peça "Batalha". A obra, escrita pelo autor Sandro William Junqueira, fala sobre uma turma que tem a missão de falar sobre a História de Portugal.
Questionado sobre a reflexão sobre o ensino da História de Portugal, João de Brito falou de um "sistema mofado que existe, onde os professores não concordam, mas continuam a ter de seguir os programas".
"Batalha" estreia em novembro no Teatro das Figuras, em Faro, irá depois levar o Lama a Sines, Portel e Ponte Sor.
Foi também apresentado o espetáculo "Homo Sacer", criado por Maria Gil e Teresa V. Vaz, do Bestiário, que aborda a questão das identidades das comunidades ciganas. À imprensa, Maria Gil explicou que não se trata de um espectáculo "pedagógico".
De origem cigana, a atriz explica que o "intuito do espetáculo é ter esta possibilidade de nos recriarmos e não estarmos presos a uma simbologia". O seu "corpo é sempre um corpo político e queremos criar uma reflexão com um pensamento próprio".
Outro dos projetos apresentados foi "Penélope". Cátia Terrinca abordou a importância da criação enraizada no território. Ela que foi viver para Elvas, como disse, "porque tinha medo de ficar" investiu nesta "leitura minuciosa do território".
Depois de passar pelos Açores e Madeira, a Odisseia Nacional chega agora ao sul e vai estar em 24 concelhos até ao final do ano; desses, 18 são concelhos do Alentejo e seis do Algarve.