Na Web Summit havia uma sanita para descarregar criatividade
10-11-2016 - 17:46
 • João Carlos Malta

Pensaram fora da Web Summit. Compraram bilhete, mas não entraram. Preferiram usar uma sanita e um cartaz para atrair clientes e investidores. Estiveram à porta da cimeira. Eis a uppOut.

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Uma sanita na rua chama a atenção. É inevitável. Por trás está um cartaz a dizer: “Sit down and let it out” (Senta-te e deixa sair). A descrição pode parecer escatológica, mas não é. O que se quer é que saiam ideias e Ricardo Paiagua está ali à frente da “instalação artística” a convencer as pessoas a pararem e tirarem uma fotografia.

Ricardo é um dos elementos da uppOut, uma agência de marketing digital, que tem estado os três dias da Web Summit na rua à procura de clientes e investidores. O “feedback”, garantem, tem sido enorme.

“As pessoas acham piada e param. Tiram a foto e começam-se muitas conversas assim”, conta Paiagua, que confessa que, apesar de ter bilhete para a Web Summit, ainda nem sequer entrou dentro do Meo Arena.

Na realidade até tem dormido muito pouco. Porque se de dia está no Parque das Nações à noite vai para a Night Summit, onde corre as ruas do Cais de Sodré e do Bairro Alto de sanita às costas.

O método é informal, mas já tem quase 50 reuniões formais com empresas interessadas nos serviços da uppOut, que vão de activações de marcas a websites e “apps”. No fundo, definem-se como agência de conceitos.

A ideia da sanita e do cartaz é criar um cartão-de-visita vivenciado para dar a conhecer o negócio da Upp Out.

Pouco antes de falar com a Renascença, Ricardo tinha estado a falar com “Rico”. Foi o nome que deu no telemóvel a um jovem com um pai chinês milionário que quer abrir uma empresa e o quer convencer ser parceiros. “Já aqui me veio chatear aqui três vezes”, ri-se.

Uma sanita porquê?

A ideia da sanita, “local em que as pessoas estão sempre a usar o telemóvel”, é de Ricardo e tem dois conceitos por detrás. Primeiro: “Acreditamos que o digital só acontece se houver ‘offline’”. Segundo: “Somos pessoas e precisamos de nos sentir uns aos outros”.

Ricardo e os colegas de empresa decidiram arriscar. Sabiam que vinham pessoas de todo o mundo e precisavam de criar impacto. Às vezes estar fora resulta melhor do que estar dentro. “Acreditamos muito na simplicidade, tentamos motivar as pesssoas”, defende.

“Isto serve para as pessoas acharem cómico e serem criativas”, explica.

Ricardo está habituado a não se acomodar. Diz que era director de E-commerce da Worten e que andava de BWM, vida que trocou por uma “motoreta” e por “ser pobre”.

A uppOut tem 17 trabalhadores e o crescimento da empresa já fez com que tivessem de mudar de escritório três vezes.

[notícia corrigida às 22h40 - Ricardo era director de E-Commerce e não de marketing]