O Presidente d República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou, este domingo, para a necessidade de Forças Armadas fortes e disse que isso só é possível com militares com estatuto condigno.
Na cerimónia que decorreu na Batalha, distrito de Leiria, e que assinala o Dia do Combatente e o 106.º aniversário da batalha de La Lys, o Chefe de Estado chamou ainda a atenção para a necessidade de cumprir o que está no estatuto do antigo combatente.
"Forças Armadas fortes são navios, aviões e blindados, mas são, sobretudo, quem os navega, os pilota e os conduz. E que, ou têm estatuto condigno para serem militares e se manterem militares ou, uma vez mais, se pode desbaratar um momento irrepetível na nossa história. Tal como se não deve desbaratar o momento irrepetível de cumprir aquilo que está por cumprir no estatuto do antigo combatente", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que "sem militares não há Forças Armadas fortes, sem Forças Armadas fortes, não há Portugal forte".
"Se Portugal quer mesmo ser importante no mundo, quando terminar as funções do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres], quando estiver a fazer tudo para ser membro do Conselho de Segurança ou a ter os seus melhores em lideranças na União Europeia ou na NATO, então que não se esqueça que só o conseguirá com diplomacia, mas também com Forças Armadas fortes", sublinhou no seu discurso, depois de ter participado, a meio da manhã, na missa presidida por D. Rui Valério, Administrador das Forças Armadas e de Segurança e Patriarca de Lisboa, que se realizou no Mosteiro da Batalha.
Na Eucaristia, o prelado disse que Portugal deve homenagem a todos "os que face à violência da guerra, se assumem protagonistas da paz”, e afirmou que "em La Lys, batalha hoje evocada no seu centésimo sexto aniversário, como em Aljubarrota, em 1385, ou em Lisboa em 1147, ou em 1974 e 1975, ou nas recentes lutas contra a pandemia, e no combate aos incêndios, assim como no dia-a-dia de labuta, os nossos combatentes dão corpo e forma histórica aos valores que desenvolvem dentro de si".
Portugal tem deveres a cumprir para com os antigos combatentes
As comemorações do Dia do Combatente e do 106.º aniversário da batalha de La Lys contaram também com a presença do ministro da Defesa, Nuno Melo, que afirmou que "Portugal ainda tem deveres a cumprir numa política justa de Antigos Combatentes que vise tratar melhor, por exemplo, os problemas sociais e de saúde que ainda persistem" e honrar "os que perderam a vida nos teatros operacionais dessa guerra, os que ficaram feridos ou incapacitados e os que sobreviveram e ainda estão connosco".
O líder do CDS prometeu que, em breve, irá apresentar as linhas do programa do Governo na área da defesa e defendeu que, no atual contexto internacional, se deve "ter uma defesa competente para garantir uma paz duradoura".
"A NATO venceu a chamada Guerra Fria sem disparar armas por ser política e operacionalmente forte. Agora que as ameaças estão de volta, num tempo em que o conflito está demasiado perto das fronteiras da União Europeia e da NATO, devemos valorizar a força e a unidade da NATO. É nossa obrigação pelo presente e pelo futuro do vínculo transatlântico acreditar que o mal não pode banalizar-se", defendeu.
Antes, no primeiro discurso da cerimónia, o presidente da Liga dos Combatentes, o tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, dirigindo-se ao ministro da Defesa, afirmou ter "fundamentadas esperanças de que os combatentes vejam contempladas as reivindicações que há anos vêm fazendo e que o programa do Governo contempla". O militar afirmou ainda que a "insegurança e a instabilidade são realidades a longo prazo" e pediu um plano estratégico de emergência no setor.
"Em toda a Europa, face às lições recentemente aprendidas, os governos deveriam - quanto a nós - proporcionar às suas Forças Armadas em permanência a possibilidade de execução de um plano estratégico de emergência, subordinado a cinco preocupações estratégicas de defesa", salientou, explicando referir-se a áreas como a reorganização estratégica, o recrutamento, a retenção e remuneração e o reequipamento das Forças Armadas.
As comemorações do Dia do Combatente e do 106.º aniversário da batalha de La Lys incluíram ainda uma homenagem aos mortos em combate e a inauguração de uma exposição sobre os 50 anos do 25 de abril.