As ruas de Cartum estão desertas este domingo, primeiro dia da semana de trabalho no Sudão, depois de grupos da oposição terem posto em marcha uma campanha de desobediência civil, exigindo que os militares abdiquem do poder.
A oposição apelou aos trabalhadores para que fiquem em casa, depois de as autoridades terem morto dezenas de pessoas na tentativa de dispersar um acampamento de manifestantes na passada segunda-feira.
O Sudão atravessa um período de instabilidade desde abril, altura em que o ditador Omar al-Bashir foi deposto. As esperanças de muitos sudaneses, de que estivesse chegado o tempo de um governo civil, foram goradas quando as Forças Armadas assumiram o poder.
Desde então os militares e as Forças de Declaração de Liberdade e Mudança (FDLM) têm estado envolvidos num braço de ferro sobre quem deve guiar o país até à realização de eleições.
Embora alguns serviços estatais tenham funcionado de forma normal durante o dia, a maioria dos estabelecimentos privados manteve-se encerrada e viam-se poucas pessoas nas ruas.
“Não voltaremos ao trabalho até que a Associação Profissional Sudanesa anuncie o fim da greve”, afirmou Ahmad al-Noor, de 46 anos, em declarações à Reuters. A Associação Profissional faz parte da FDLM.
Durante o dia registaram-se alguns episódios de violência, com a polícia a dispersar manifestantes no norte da capital com gás lacrimogéneo. Não há, por enquanto, indicação de existirem vítimas desse incidente, mas segundo a oposição um militante seu foi baleado no peito, elevando o número de mortos desde o início dos protestos para 118. O Governo rejeita o número e diz que apenas morreram 61 pessoas, entre as quais três membros das forças de segurança.