Apesar de garantir que o PSD não anda "ao sabor da sondagem do dia", Luís Montenegro diz que é "natural" que o PSD vença as próximas eleições legislativas com maioria absoluta.
Durante a abertura do Conselho Nacional do partido, que decorreu esta quinta-feira num hotel em Lisboa, o presidente do PSD considerou que esse é um cenário provável pela quantidade de pessoas que se demonstra aberta a votar no partido, a julgar pelas sondagens.
"O que é natural é que nós ganhemos as próximas eleições legislativas, e que as ganhemos com maioria absoluta. Mas nós não temos eleições amanhã. O que é natural é que hoje nós tenhamos uma oportunidade enorme quando 50% das pessoas se declaram predispostas a votar à direita do Partido Socialista", projeta Luís Montenegro.
A sondagem mais recente divulgada pela SIC e pelo Expresso revela que o PSD não descola do PS, mesmo com a crise que encharca o governo em torno de João Galamba, mas o presidente do PSD não vê um lado tão negativo nesses dados, e até é mais transversal no seu otimismo, numa altura em que está prestes a celebrar um ano como líder do partido.
"Se eu vos dissesse há 11 meses e meio, que o governo que teve maioria absoluta estava com 30% ou menos nas sondagens, que o desagrado do governo é mais que muito, vocês achavam que eu estaria a ser com certeza muito otimista", defende Montenegro, que disse que o "maior crédito" que conseguiu desde que se tornou líder do PSD foi voltar a deixar o partido "acreditar", o slogan que ainda usa e que usou na campanha interna, em maio do ano passado.
Numa espécie de balanço, Luís Montenegro disse que o PSD está melhor, e que, em sentido contrário, o governo está pior desde que o PSD substituiu a liderança de Rui Rio.
Num grito de orgulho, e perante os conselheiros nacionais, Montenegro atirou-se ao PS para desenhar uma linha que separa os exemplos de um partido, e os exemplos de outro: "Cada um tem o que tem, a minha escola é a de Cavaco Silva, de Durão Barroso, de Passos Coelho. Lamento muito, a minha escola não é a de Mário Soares, menos ainda a de António Guterres, e muito menos de José Sócrates", exclamou o líder dos social-democratas.
Não descer impostos? "Uma imoralidade"
Durante mais de meia hora de discurso, o presidente do PSD distribuiu críticas ao governo por quase tudo. Em relação à receita fiscal, que se tem vindo a avolumar por causa da inflação, Luís Montenegro considera "uma imoralidade" a escolha de António Costa, que sintetizou de forma simples: "Primeiro cobramos, depois entregamos algumas benesses".
O presidente do maior partido da oposição diz que "não falta dinheiro ao governo" apesar de "faltar dinheiro aos portugueses" e diz que "é uma imoralidade o Dr. António Costa não baixar os impostos em Portugal".
Montenegro vai mais longe e acusa o executivo socialista de arrecadar excedentes fiscais, fazer brilharetes em Bruxelas, e de só devolver o que cobrou a mais quando isso convém.
SIS. "Problema está no gabinete do primeiro-ministro"
Aproveitando as ondas de choque geradas pela audição na Comissão de Inquérito do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que contrariou João Galamba na versão que deu sobre quem o aconselhou a contactar o SIS depois do desaparecimento do computador de Frederico Pinheiro, Luís Montenegro coloca agora a responsabilidade no chefe de Governo.
"Se há confiança política no ministro [das Infraestruturas], se o primeiro-ministro acha que ele não faltou à verdade, que disse tudo e informou o país corretamente, então o problema está no gabinete dele e ainda é pior do que nós achávamos", dispara Luís Montenegro.